São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 1994
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Uso do bônus pode 'lavar' dinheiro, afirma Aristides

REGIS MALLMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Uso do bônus pode 'lavar'dinheiro, afirma Aristides
Procurador diz que Ministério Público vai fiscalizar gastos eleitorais
O procurador-geral da República, Aristides Junqueira, afirmou anteontem em Itajaí (SC) que os bônus eleitorais podem estar sendo usados para "lavar dinheiro".
Segundo Aristides, "esses bônus podem estar sendo usados indevidamente por outras pessoas". Ele não citou nomes.
Segundo ele, esses comprovantes de doações às campanhas eleitorais não foram uma criação "muito feliz" da lei eleitoral porque propiciam fraudes e dificultam a prestação de contas dos partidos.
Aristides disse que, "apesar de todas as deficiências da lei", acredita que o Ministério Público está apto a pedir a fiscalização como aconteceu neste caso. O procurador-geral se referia ao caso envolvendo o PL.
Na última sexta-feira, a Folha revelou fraude no financiamento da campanha do ex-candidato do PL à Presidência Flávio Rocha.
Os responsáveis pela arrecadação de fundos para a candidatura Rocha faziam deságio na troca dos bônus. A reportagem da Folha comprou do partido um lote de bônus de R$ 140 mil por R$ 70 mil.
A partir da revelação da fraude pela Folha, Aristides Junqueira, que também é procurador-geral-eleitoral solicitou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que o órgão determinasse ao PL a prestação prévia das contas da campanha de Flávio Rocha.
Ao mesmo tempo, o tribunal determinou a abertura de investigações para apurar a fraude. O caso acabou provocando a renúncia do então candidato do PL.
Em Itajaí, Aristides disse ainda que os gastos de campanha e a propaganda eleitoral são os dois aspectos em que o Ministério Público está investindo mais seu poder de controle.
"Tanto a propaganda como os gastos de campanha podem revelar abuso de poder econômico", afirmou. Isto, segundo o procurador-geral da República, "vicia a vontade do povo".
"Esta vontade pode estar viciada em virtude do poder econômico e isto a gente precisa evitar", disse Aristides.

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