São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 1994
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Polícia diz sofrer ameaças de traficantes

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de cinco homens metralhou um Voyage da PM anteontem, às 23h45, no Jardim Paulistano (zona norte de São Paulo). Três horas depois, supostos traficantes ligaram para o quartel da PM e assumiram a autoria do atentado.
Os dois policiais que estavam no carro, os soldados Sérgio Bezzuoli, 35, e Carlos Magno de Alcântara, 30, não ficaram feridos.
Bezzuoli e Alcântara, que trabalham na 3ª Companhia do 18º Batalhão da PM, decidiram passar, por volta das 23h30, na casa de um sargento do Corpo de Bombeiros que havia sido ameaçado de morte pelos traficantes do bairro.
Entraram na rua Braço do Norte e, após percorrerem cerca de cem metros na rua, o soldado Alcântara viu pelo espelho retrovisor do Voyage a aproximação de um Opala.
O carro chamou a atenção do policial por causa de sua velocidade. "Havia cerca de cinco homens no carro", disse Bezzuoli.
O Opala passou por uma lombada da rua sem diminuir a velocidade e, ao alcançar a traseira do Voyage, os supostos traficantes fizeram os primeiros disparos.
As balas acertaram o vidro traseiro do carro da PM e a porta traseira. O Opala ultrapassou o Voyage pela direita e seus ocupantes continuaram a atirar nos policiais.
Os disparos acertaram as portas dianteira e traseira, o pára-lamas e o pára-brisa do Voyage. Ao todo, sete tiros perfuraram o carro.
Os supostos traficantes usaram, provavelmente, uma submetralhadora calibre 9 milímetros. Não dispararam rajadas, mas tiros intermitentes (a maioria dessas armas permite as duas formas de disparo).
Os soldados reagiram e atiraram no Opala, que conseguiu escapar. Bezzuoli chamou reforço pelo rádio e carros da Rota e do Tático Móvel foram até o local.
Cerca de dez minutos depois, os PMs encontraram o Opala abandonado na rua Alonso José Pinhop, no Jardim Carombé (zona norte). Havia manchas de sangue no banco traseiro e no câmbio do carro.
Nenhum dos seus ocupantes foi encontrado pela PM. Por volta das 3h30, um homem fez um telefonema anônimo para a sede da 3ª Companhia do 18º Batalhão.
"Da próxima vez não vai ser (disparo) intermitente, mas rajada. Isso é pelo o que vocês fizeram com o Maurício. O que vocês ganham em um mês a gente ganha em minutos", teriam dito os supostos traficantes.

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