São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 1994
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Menem quer expulsar embaixador

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Argentina, Carlos Menem, disse ontem que o embaixador do Irã em Buenos Aires deveria ser expulso do país.
Menem comentava pedido de prisão de quatro ex-diplomatas iranianos emitido anteontem pelo juiz Juan Jose Galeano.
Os ex-diplomatas são acusados de participação no atentado que destruiu duas entidades judaicas em Buenos Aires matando 96 pessoas no dia 18 de julho.
"Acho que o que se requer é, no mínimo, a retirada ou a expulsão, sim, a expulsão do embaixador iraniano como primeiro passo", disse Menem.
O juiz Galeano indiciou quatro ex-diplomatas e colocou "sob suspeita" três diplomatas ainda em serviço na Argentina.
O embaixador iraniano Hadi Soleiman Pour foi chamado para prestar esclarecimentos.
O Irã protestou em nota oficial contra o que considerou "alegações injustificadas e descorteses".
Os iranianos foram acusados com base no depoimento de Manucher Moutamer obtido na Venezuela cinco dias após o atentado.
Moutamer foi apresentado como um ex-diplomata iraniano que se tornou dissidente.
O dirigente da Daia (Delegação de Associações Israelitas Argentinas), Rubens Beraja, disse que a acusação é inconsistente.
"Ela ratifica a participação do Irã mas não tem elementos sólidos". A Daia é uma das instituições cuja sede foi destruída no atentado. A outra é a Associação Mutual Israelita Argentina.
O Irã disse que três dos indiciados estiveram em missões diplomáticas na Argentina entre 87 e 92. O outro visitou Buenos Aires por três dias em dezembro de 93.
Segundo Teerã, Moutamer (principal testemunha do caso) nunca foi diplomata. A imprensa argentina publicou versões de que ele seria agente americano no Irã.
Dez dias depois do atentado argentino dois carros-bombas explodiram em Londres, destruindo a embaixada israelense e uma entidade judaica.
Tanto os atentados de Buenos Aires quanto os de Londres foram atribuídos ao Hizbollah –milícia xiita pró-Irã do Líbano– com participação do Irã.
Comentando o resultado das investigações na Argentina ontem, a chancelaria britânica disse não ter indícios ligando as bombas ao Irã.
Um estudo encomendado pelo Comitê Judaico Norte-americano e pela Daia revela que a Argentina "se inclina pelo pluralismo étnico, religioso e cultural" e que a população é favorável aos judeus.
O estudo contradiz imagem de anti-semitismo ligada ao país, sobretudo em função da concessão de passaportes a 7.000 alemães e italianos ligados ao nazi-fascismo após a Segunda Guerra.

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