São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 1994
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Prédio desaba e mata três em SP

ANDRÉ MUGGIATI; LUÍS EDUARDO LEAL ; LUIZ HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos 3 pessoas morreram e 14 ficaram feridas com o desabamento de um prédio de dois andares na Vila Maria (zona norte de São Paulo) às 10h45 de ontem. Duas pessoas ainda estão desaparecidas.
Felipe Xavier dos Santos, 25, que escapou do desabamento, acha que havia 19 pessoas no local quando o prédio caiu.
Seriam 13 operários da construtora Itaíba e 6 eletricistas da Mig Comércio, Indústria e Instalações. Até as 18h30 de ontem, 14 pessoas tinham sido resgatadas.
As vítimas mais graves foram levadas para o Hospital das Clínicas, Santa Casa e Hospital do Mandaqui.
No Mandaqui, o operário Antonio Emidio Pereira, 50, morreu ao chegar ao pronto-socorro. Cícero José Silva, 26, teve ferimentos leves e foi liberado após ser medicado.
Issac José de Souza, 63, e Damião Nunes Carvalho, 28, foram internados na Santa Casa.
Para o Hospital das Clínicas foi levado, de helicóptero, um homem de cerca de 35 anos, não-identificado até as 18h30.
No final da tarde, os bombeiros ainda trabalhavam para tentar retirar, com vida, um dos soterrados. Os bombeiros vão continuar as escavações hoje.
Carlos Alberto Venturelli, diretor do Contru (Departamento de Controle e Uso de Imóveis) –órgão da prefeitura–, esteve no local do acidente.
"Olhando superficialmente, dá para ver que o concreto não está com a mistura correta entre cimento e areia e que as paredes não tinham estrutura para suportar a laje", disse.
A causa do acidente deverá ser apurada através de perícias. Segundo Venturelli, a responsabilidade do acidente é toda do engenheiro responsável pela obra, Sérgio Schilis.
Vizinhos disseram que Schilis chegou a passar pelo local de manhã, mas teria fugido quando viu o desabamento.
O chefe do departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, Estevão Takemura, disse que Shilis pode ter seu registro cassado se for considerado culpado pelo acidente.
O Crea é o responsável pela fiscalização da atividade dos engenheiros e arquitetos.
Segundo Takemura, o engenheiro será julgado pela Câmara de Engenharia Civil do Crea, a partir do laudo da Polícia Técnica sobre o desabamento.

* Colaboraram LUÍS EDUARDO LEAL e LUIZ HENRIQUE AMARAL, da Reportagem Local.

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