São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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Precocidade ajuda atriz a compor personagem

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

Quando a atriz Roberta Indio do Brasil, 21, deparou-se com a sinopse de "A Viagem", que previa uma gravidez e em seguida um aborto para sua personagem, ficou assustada.
Nunca havia passado por isto e resolveu pedir ajuda ao diretor Wolf Maia para gravar as cenas em que Sofia -seu papel na novela global das 19h– perde o bebê que esperava.
"Eu não tinha idéia do que acontece quando se perde uma criança. O Wolf me disse para simular umas cólicas", lembra a atriz.
Apesar da inexperiência em gravidez e aborto, Roberta é uma garota precoce. Aos 17 anos, saiu da casa dos pais para morar com o namorado. "Foi importante, pois agora sei o que é dividir o mesmo teto", afirma ela.
Filha de pais separados, ela conta que tem na mãe uma das maiores incentivadoras e amigas. "Liberal" a ponto de dar um carro à filha quando tinha 17 anos, a mãe de Roberta confia nela e até permite que o namorado, Bruno de Botton, passe as noites em sua casa.
Sua personagem na novela segue, em linhas gerais, os rumos de sua vida –o que ajuda Roberta na composição do papel. Sofia é uma adolescente de 16 anos, que deixa a vida pacata para estudar violino na cidade grande. Acaba seduzida e abandonada.
Na nova fase da novela, Sofia vai viver dias melhores. Enamorada de Zeca (Irwing São Paulo), vai conquistar um marido, e junto com ele, casa e carro. Nada mal para uma personagem que nem existia na sinopse original da novela.
"A direção da Globo achou que faltavam jovens na novela e eu entrei", explica ela, sem pudores. Mesmo porque nem precisa disto: elogiada até pela autora Ivani Ribeiro, sua personagem está ganhando cada vez mais espaço na trama.
A incursão de Roberta no meio artístico começou há cinco anos, quando integrou o elenco da peça "A Presidenta", ao lado dos tarimbados atores Jorge Dória e Carvalinho.
Depois de algumas peças e de um teste na Globo, Roberta foi parar em "Os Trapalhões". "Fiquei um ano como a namorada do Conrado no programa", lembra.
Depois disso, duas bolas na trave marcaram seu currículo: participaria do programa solo de Cláudia Gimenez (ex-Dona Cacilda) e da novela "Vira-Lata", de Carlos Lombardi. O primeiro não deu certo porque a protagonista abandonou a emissora antes da estréia. A novela, adiada, acabou sendo substituída por "Tropicaliente".
Mas Roberta não se abalou e agora aproveita para trabalhar dobrado: paralelamente à novela, dedica-se à peça "A Gaiola das Loucas", ao lado dos mesmos mestres do início da carreira –Jorge Dória e Carvalinho.
Em cartaz no Rio, a peça é baseada no filme ítalo-francês e mostra as confusões de um casal de gays sessentões que simula um ambiente sério em casa para receber a família da noiva do filho de um deles.
Roberta –que faz Moriel, a noiva– diz que aprendeu quase tudo que sabe com os colegas veteranos. Dória, o rei dos cacos (improvisações que não estão no texto), diz carinhosamente que Roberta é "bichinho de teatro". Carvalinho é fã declarado e recorta tudo que a imprensa publica sobre a atriz.
A peça resvala no tom apelativo, mas Roberta escapa ilesa da chanchada. "Eles nunca me sacanearam em cena, sempre me dão dicas. São meus professores."

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