São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 1994 |
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Vitamina A reduz mortalidade infantil
DA REPORTAGEM LOCAL Um suplemento periódico de vitamina A pode reduzir a mortalidade infantil em cerca de 30%, sugere um estudo brasileiro publicado na revista britânica }The Lancet.Os cientistas da Universidade Federal da Bahia estudaram, entre dezembro de 1990 e dezembro de 1991, 1.240 crianças de Serrinha (170 km a nordeste de Salvador) com idade entre 6 e 48 meses. Metade delas recebeu suplementos de vitamina A a cada quatro meses, durante um ano. A outra metade tomou uma pílula sem efeito algum (placebo). A incidência de diarréias graves foi cerca de 20% menor no grupo que tomou os suplementos de vitamina A do que no outro grupo. }A redução na gravidade da diarréia pode ser o fator mais importante na redução da mortalidade pela suplementação de vitamina A, escreveu Maurício Barreto, um dos autores. Vários estudos já tentaram detectar se um suplemento periódico de vitamina A é capaz de reduzir a mortalidade, mas sem resultados definitivos, dizem os cientistas. Seis estudos anteriores detectaram reduções de mortalidade entre 19% e 54%, mas dois outros não verificaram nenhum efeito. Segundo os brasileiros, levando em conta todos os estudos, a redução de mortalidade pode ser avaliada entre 23% e 30%. A pesquisa da Universidade Federal da Bahia não encontrou redução no índice de doenças. Este resultado soma-se ao de dois estudos anteriores, que não haviam detectado diferença significativa nas crianças que tomavam o suplemento contra diarréias e infecções nas vias respiratórias. Outra pesquisa, realizada na Indonésia, mostrou que a vitamina A pode exercer um efeito negativo, favorecendo ligeiramente o surgimento de infecções nas vias respiratórias. O único estudo anterior na América Latina mostrou um pequeno aumento na incidência de tosse e respiração ofegante para crianças tratadas com vitamina A. Os cientistas brasileiros realizaram o estudo em uma área onde ocorre a deficiência de vitamina A, embora sem atingir grau que demande tratamento clínico. Essa deficiência, comum em países pobres, pode causar em geral problemas oculares, levando até à cegueira. No mundo, cerca de 500 mil crianças por ano ficam cegas devido à deficiência. Beta-caroteno A vitamina A, ou retinol, é uma molécula formada no organismo a partir de outras substâncias, conhecida como precursores. O mais importante deles, chamado beta-caroteno, está presente em alimentos como mamão, cenoura, melão e batata-doce. O consumo excessivo de beta-caroteno não é tóxico, porque só uma quantidade limitada dele pode ser convertida em vitamina A. Mas a vitamina A, se ingerida em grandes quantidades por vários dias, pode causar intoxicação. A pele pode ficar ressecada e descamar. Pode haver ardência na boca e vômitos. Dores de cabeça, sonolência, irritabilidade e dificuldade de concentração também são sintomas comuns. Texto Anterior: Governo adia MP da isonomia Próximo Texto: Deserto do Atacama é tema de exposição Índice |
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