São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 1994
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Pianista nega ter sido beneficiado com arrecadação

DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário e pianista João Carlos Martins entregou ontem à Justiça Federal documentos que comprovariam o destino dos US$ 19 milhões arrecadados irregularmente para as campanhas eleitorais de Paulo Maluf (PPR).
O objetivo do empresário ao apresentar a documentação é negar que tenha sido beneficiado com a arrecadação.
Martins é dono da Paubrasil Engenharia e Montagens Ltda, empresa que arrecadou, entre pessoas jurídicas, doações para as campanhas de Maluf em 1990 (governo do Estado) e 1992 (Prefeitura de São Paulo).
A legislação eleitoral em vigor nesses anos vetava contribuições de pessoas jurídicas.
A entrega dos documentos ocorreu durante o depoimento de Martins à Justiça, o primeiro tomado no processo instaurado na 3ª Vara da Justiça Federal.
O articulador político de Maluf, Calim Eid, depõe amanhã. O atual prefeito de São Paulo está convocado para depor no dia 23 de setembro.
Os 15 mil documentos contábeis apresentados à Justiça demonstrariam que toda arrecadação feita pela Paubrasil foi repassada para empresas fornecedoras de serviços às campanhas malufistas.
Entre elas, a empresa aérea TAM, os institutos de pesquisa Ibope e Vox Populi e 50 gráficas de São Paulo e do interior.
Durante o depoimento prestado ao juiz André Nabarrete Neto, Martins voltou a confirmar sua participação na arrecadação de fundos para as campanhas das coligações "União por São Paulo" (90) e "Boa Sorte São Paulo" (92).
Segundo ele, mais de 400 candidatos foram beneficiados pelo dinheiro arrecadado, entre eles o prefeito Paulo Maluf.
No depoimento, Martins disse que 40 empresas efetuaram doações para as campanhas eleitorais.
Entre as doadoras, ele citou as empreiteiras Constran, CBPO, Andrade Gutierrez, OAS, Mendes Júnior, os bancos Noroeste e Pontual e o grupo Pão de Açúcar.
Martins afirmou ter feito o contato com as empresas com a autorização de Calim Eid.
Segundo ele, US$ 15 milhões foram arrecadas para a campanha de 90 e US$ 4 milhões para a de 92.
PSDB
Antes do depoimento, Martins disse ter colaborado com as campanhas de Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas, ambos do PSDB, nas eleições para o Senado em 1986. Martins afirmou ter pago, como pessoa física, a impressão de "santinhos" para divulgar as candidaturas. Ele disse que os dois candidatos não tomaram conhecimento do material.

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