São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 1994
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'Sabesp não tem como investir'

DA REPORTAGEM LOCAL

A Sabesp não tem caixa suficiente para realizar amplos investimentos no Projeto Tietê e assim obter a contrapartida do financiamento do BID.
A afirmação é do empresário Antônio Carlos Germano Gomes, 36, da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
Ele preside o Departamento de Meio Ambiente da Abimaq, entidade que reúne cerca de 80 fabricantes de equipamentos de saneamento básico no país.
"O grande questionamento que o setor fez durante o ano passado foi esse: de onde a Sabesp tiraria recursos para receber a contrapartida do BID?", declarou.
Segundo suas informações, a Sabesp tem um faturamento anual de US$ 1,3 bi, o que representa uma média mensal em torno dos US$ 100 milhões.
Desse valor, a empresa gasta 65% com custeio (manutenção e folha de pagamento), além US$ 12 milhões mensais com dívidas roladas junto à Caixa Econômica Federal.
Além disso, há uma dívida acumulada da empresa junto a construtoras e fabricantes que atinge os US$ 200 milhões.
"É pouco provável que ela tenha condições plenas de aplicar os US$ 440 milhões no prazo estabelecido", diz Gomes.
Para ele, a empresa não foi consultada sobre sua saúde financeira quando o Projeto Tietê assinou o contrato com o BID.
"A Sabesp está carregando o ônus do programa, que é caro e que foi concebido para ser realizado em um curto prazo", afirmou.
Para Gomes, o ideal seria que o governo aplicasse recursos próprios no projeto, sem deixar a Sabesp como responsável por todo o investimento.
"O programa de despoluição do Tietê está correto do ponto de vista técnico. Mas é furado em termos de financiamento", observou.
Ressaltou ainda que a Sabesp encontra dificuldades para superar deficiências do sistema de distribuição de água.

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