São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 1994
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Impostos empurram preços

SONIA ROMÉRIO; MARIJÔ ZILVETI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os produtos de informática vendidos no Brasil têm diferenças de preços de cerca de 100% em relação a outros países. Motivo: alta carga tributária (veja quadro).
"Por menores que sejam as margens, o preço final é 100% maior. Isso para não ganhar nada", diz Michel Levy, diretor-geral da CompuSource, que distribui os produtos Apple no Brasil.
O diretor da Compaq Jorge Schreurs diz que, apesar dos incentivos para produção local, uma das soluções para oferecer produtos a preços competitivos "é reduzir os impostos federais".
As empresas alegam que enquanto permanecer a atual política de impostos, o contrabando continuará o grande competidor.
"Estima-se que o maior mercado do contrabando é o de notebooks", diz Marcio Martinelli, gerente de marketing da PC Company, divisão de micros da IBM.
Mudar a carga tributária é a solução apontada não só pelas empresas que distribuem produtos de informática no país, mas também por quem optou pela montagem ou fabricação local.
"Do meu preço de venda, metade é imposto. Dos 50% restantes, tenho que tirar o custo e o lucro", diz Geraldo Amorim, diretor econômico da Itautec, que distribui e fabrica produtos no Brasil.
Os cálculos de Amorim têm como base a atual cadeia de impostos. "Quando compro um parafuso, todos os impostos estão embutidos no preço. Quando compro uma placa, é a mesma coisa", diz.
A Itautec, assim como a IBM, é isenta de pagar IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) por fabricar produtos no país.
Essa isenção foi criada pelo governo no fim da reserva de mercado para informática (em 1992) para incentivar a produção local.
Em contrapartida, essas empresas têm que investir 5% do lucro líquido em pesquisas.
Na IBM o quadro é o mesmo. "Com a produção local o preço do produto nacional fica muito próximo dos 98%", diz Martineli, da PC Company, comparando com o produto importado.
Seus cálculos têm como base os investimentos em linha de montagem e mão-de-obra.
"A vantagem da IBM é que ela já tinha uma estrutura operacional montada", diz Amorim.
Revendas
No mercado norte-americano é comum encontrar em lojas produtos com preços muito abaixo do preço de lista (do fabricante).
Essas revendas sacrificam seus ganhos para atrair consumidores e trabalham com margens de lucros de 3% a 5%.
No Brasil, esse número fica em 12%, em média. Aqui, as pequenas lojas chegam a operar com margens de até 20%.
(Sonia Romério)
Colaborou Marijô Zilveti

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