São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 1994 |
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Prisioneiro não vai trair amigos, diz advogado
ANDRÉ LAHOZ
Segundo o advogado Jacques Vergès, o Chacal não fará revelações sobre seus contatos com grupos extremistas e governos –detalhes que os serviços de informação ocidentais mais anseiam. "Carlos não vai se comportar como as autoridades sudanesas, que venderam um convidado e o traíram", disse. Os dois advogados de Carlos são os únicos que podem visitá-lo na cela número 258.187 da prisão de La Santé. "Ele está fora de ação no momento, mas de bom humor e de maneira nenhuma pensa que está acabado", declarou Vergès. O advogado esteve ontem no centro de mais uma polêmica: foi acusado pelo jornal "Le Monde" de ter integrado o grupo terrorista de seu atual cliente. O jornal se baseou em notas da Stasi, a polícia secreta da extinta Alemanha Oriental. Os documentos sobre Carlos foram requisitados pelo juiz Jean-Louis Bruguière, responsável pelo caso. Neles, há duas citações envolvendo Vergès em atividades ocorridas há mais de uma década. Vergès é citado como "membro operacional" do grupo do Chacal na França. Teria recebido uma soma de dinheiro para organizar a fuga da ex-mulher de Carlos, a também terrorista Magdalena Kopp, e Bruno Bréguet. Nessa época, Vergès era o advogado dos dois. Vergès negou tudo ontem. Disse tratar-se de uma operação de "desinformação da Stasi". Para ele, ser tratado dessa forma representa "um cumprimento e uma condecoração", afirmando ainda nunca ter se encontrado com o Chacal antes. O seu colega de defesa, Mourad Oussedik, disse à Folha estar indignado com essa história. "Não há nada contra ele", afirmou. Questionado sobre o assunto, o porta-voz do Ministério da Justiça alemão disse que o arquivo de Carlos havia sido examinado e "nada foi encontrado". Vergès é apontado como um dos mais brilhantes advogados franceses, mas ficou famoso também pelas polêmicas em sua história. Politicamente, se alinha com a esquerda, mas já defendeu o nazista Klaus Barbie. Vergès desapareceu durante nove anos (de 1970 a 1978), quando afirma ter conhecido "o outro lado do espelho". Mas se recusa a dar mais detalhes sobre esse período. Nasceu na Tailândia em 1925 e estudou com Pol Pot, que se tornaria ditador no Camboja. Dirigiu o jornal "Revolução", de orientação maoísta.(ALz) Texto Anterior: Terroristas condenam prisão Próximo Texto: Carlos era estudante escandaloso em Moscou Índice |
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