São Paulo, sábado, 20 de agosto de 1994
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Salários do BB dobram com Itamar

GILBERTO DIMENSTEIN ; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Erramos: 25/08/94

Diferentemente do que foi publicado nesta reportagem, o presidente do Banco do Brasil, Alcir Calliari, foi empossado em outubro de 1992. Salários do BB dobram com Itamar
As despesas com pessoal do Banco do Brasil dobraram na entrada do governo Itamar Franco. Do primeiro semestre de 1992 para o segundo, os gastos cresceram 100,1% –a maior elevação na história do banco.
A medida teve impacto decisivo no crescimento dos gastos dos bancos federais, revelado ontem pela Folha. As despesas com pessoal têm se mantido estáveis desde então.
No BB, o vazamento de documentos sobre os gastos com pessoal é visto como uma tentativa de barrar maiores reajustes em setembro, data-base dos bancários.
A corporação BB, que soma cerca de 120 mil funcionários, é a mais temida pela equipe econômica, defensora de reajustes salariais apenas pelo índice mínimos permitidos pelo Plano Real –variação da inflação de julho a outubro.
O secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Raul Jungmann, ataca a postura dos bancos públicos. Segundo ele, as instituições estão adotando a "tática da burrice".
Jungmann avalia que os bancos deveriam ter iniciado ajustes em seu volume de gastos, para se adaptar à nova situação, de inflação baixa. Agora "vão ser obrigados a fazer ajustes traumáticos".
Segundo o estudo do governo, os gastos com pessoal nos bancos oficiais cresceu de US$ 9,1 bilhões para US$ 15,4 bilhões. "É o custo da sociedade com o corporativismo", disse Jungamann.
A elevação das despesas com pessoal no BB ocorreu em setembro de 1992, quando o presidente do banco, Alcir Calliari, recém-empossado, concedeu reajustes reais (acima da inflação) de 52% ao funcionalismo.
Além disso, os passivos trabalhistas passaram a ser contabilizados no balanço do BB, aumentando as provisões em 172%.
Como resultado, as despesas com pessoal saltaram de US$ 1,231 bilhão, no primeiro semestre do ano, para US$ 2,474 bilhões no segundo. O número de funcionários permaneceu o mesmo.
Na época, Calliari, um aposentado do BB, argumentou estar repondo perdas impostas pelo governo Collor. Hoje, o BB não está cumprindo a determinação de fechar 188 agências deficitárias, como forma de redução de custos e adaptação à queda da inflação.
Na última terça-feira, Calliari disse que o fechamento de agências não está ocorrendo por pressões políticas. "Época de eleições não é uma boa hora para fechar agências", disse.

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