São Paulo, sábado, 20 de agosto de 1994
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Real valoriza títulos da dívida externa brasileira

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Os títulos da dívida externa brasileira mostram forte valorização no mercado financeiro internacional. O Plano Real e o avanço da candidatura FHC são as causas da alta. Investidores voltam a se interessar pelo Brasil.
Essa valorização é tão sustentada que resistiu à elevação dos juros internos nos EUA. Em geral, sempre que isso acontece, cai a cotação dos papéis de mercados emergentes (países com perspectivas de rápido desenvolvimento).
Isso não aconteceu na última semana, quando o Banco Central americano elevou os juros.
Nas vésperas da estréia do real, final de junho, um papel brasileiro com valor de face de US$ 100 era negociado a US$ 69. Começou a subir em julho, chegando a US$ 72 no final desse mês.
Na última terça-feira, o papel chegou a US$ 78, com alta de 8,33%. A alta coincidiu com a elevação dos juros pagos pelos papéis americanos.
Na quarta e quinta, o papel brasileiro caiu, chegando a US$ 76,37. Mas ontem voltou a subir, atingindo patamar superior ao do início da semana. Chegou a US$ 78,25.
Também subiram os títulos da dívida mexicana, pela mesma causa política: o candidato da situação, Ernesto Zedillo, lidera as pesquisas para as eleições presidenciais, a serem realizadas nesta domingo. Os títulos mexicanos foram de US$ 82 para US$ 86.
Confiança
Francisco Vidal Luna, vice-presidente do Banco SRL, que opera no mercado internacional, observa que a valorização dos papéis brasileiros reflete uma percepção positiva da situação econômica interna.
As previsões de inflação para agosto e setembro, considerando todos os índices, convergem para algo entre 2% e 3% para agosto e setembro. Esse número é compatível com o início de um programa de estabilização, diz Luna.
Por outro lado, a taxa de câmbio permanece estável e não há sinais de que a cotação do dólar vá subir. Para Luna, a taxa fica assim pelos próximos meses.
Os exportadores já sentiram que o dólar não vai subir tão já e voltaram a fazer negócios. É melhor para eles exportar, trocar os dólares por reais e aproveitar as taxas de juros de 3% ao mês.
Por último, há o componente político. A liderança de Fernando Henrique Cardoso, candidato que dará sequência e à abertura da economia, anima os investidores externos.
Segundo Luna, há indicações claras de que estão voltando as aplicações de estrangeiros nas Bolsas, suspensas na confusão do início do plano e pela dúvida em relação às eleições presidenciais.

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