São Paulo, sábado, 20 de agosto de 1994
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A Bienal do Livro

Abre-se hoje para o público a 13ª Bienal do Livro de São Paulo. São mais de 200 estandes de vendas que deverão atrair 1,2 milhão de pessoas e comercializar 12 milhões de exemplares. Causa até uma certa estranheza o fato de um país como o Brasil, com 20% de analfabetos e que consome apenas 1,85 livro por habitante por ano, ser capaz de realizar a terceira maior feira de livros do mundo –perdendo apenas para as de Frankfurt e Miami.
De qualquer forma, num país incessantemente marcado por estranhos contrastes, é inegável que iniciativas como a da Bienal do Livro representem um importante passo na difusão do conhecimento.
Mesmo com todo o avanço tecnológico que a humanidade acumulou ao longo do último século, ainda não surgiu para a transmissão da cultura invenção tão importante como a escrita. E não há em nenhuma área de conhecimento sólido cuja produção e aprendizagem não dependam de livros.
Não se pode tampouco ignorar que a leitura, seja ela de entretenimento ou estudo, é um hábito que precisa ser cultivado desde cedo. Nesse sentido, a Bienal que se inicia representa também uma excelente oportunidade para que jovens e crianças travem conhecimento e nutram gosto pelos livros; estes, afinal, poderão tornar-se inestimáveis instrumentos de auxílio em suas vidas pessoal e profissional.
É evidente que não se vai resolver o terrível problema da educação no Brasil com a realização de feiras como essa, mas tais iniciativas, necessariamente limitadas, podem ajudar o país a melhorar um pouco a sua vergonhosa média de consumo de livros. E nessa direção o Brasil ainda tem muito a avançar, sobretudo quando se considera que o mundo, cada vez mais, caminha no sentido da valorização da capacitação profissional.
A Bienal, apesar de ser um evento essencialmente comercial –e talvez por isso mesmo–, é um bom exemplo de como a cultura pode ser promovida sem qualquer ônus significativo para o poder público.

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