São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
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FHC diz que Lula não defendeu calote

EMANUEL NERI
DO ENVIADO ESPECIAL A ITÁPOLIS (SP)

O candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, disse ontem que foi um erro da sua assessoria de imprensa a divulgação da notícia de que Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT, daria um calote na caderneta de poupança.
"Acho que foi erro do comitê de imprensa", afirmou FHC em Itápolis (340 km a noroeste de São Paulo), onde esteve ontem pela manhã, antes de seguir para Araçatuba. "Não endosso isso porque o Lula não disse isso", afirmou.
Segundo revelou a Folha na edição de ontem, o comitê de campanha de Fernando Henrique distribuiu a jornais do interior do país a informação de que, se eleito, Lula poderia dar o calote.
A notícia foi redigida a partir de uma entrevista de Gustavo Franco, diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, um dos responsáveis pela criação do Plano Real.
Na noite de anteontem, Franco negou que tivesse falado sobre o calote na caderneta de poupança.
"Ele não disse isso, foi má informação", afirmou FHC. "Já foi desmentido. Eu acho isso errado".
Sobre uma possível punição para os responsáveis pelo "erro", o candidato da coligação PSDB/PFL/PTB disse que havia sido tomada providência: "Já foi distribuída uma nota".
Perguntado sobre a semelhança da atitude da sua assessoria e métodos utilizados na campanha do ex-presidente Collor, em 1989, FHC voltou a criticar a Folha.
"Perdão, é parecido com o que a Folha faz com os candidatos. Porque não é verdade. Não tem nada a ver e eu estou desmentindo categoricamente", disse.
Ele negou ainda que pretenda criar o Ministério da Defesa e já tenha um nome para o cargo, como revelou a Folha ontem.
"É outra coisa que vi publicada na Folha e não tem nenhuma base. É algo que procede num regime parlamentarista. Nós estamos num regime presidencialista", afirmou. Segundo FHC, "a Folha bateu o recorde de mentiras desta vez".
FHC reconheceu que é amigo do general-de-exército Benedito Onofre Bezerra Leonel, apontado na reportagem como o provável nome para o Ministério da Defesa, caso o PSDB vença a eleição.
Em Brasília, o comitê de FHC divulgou nota na qual afirma desautorizar "qualquer especulação em torno de nomes para a composição de um provável governo".
Em Araçatuba, FHC presenciou a dificuldade de aglutinar políticos contrários no mesmo palanque.
Partidários do candidato a deputado estadual Sidney Cinti (PSDB), ex-prefeito de Araçatuba, vaiaram o deputado federal Maluly Neto (PFL-SP), candidato à reeleição. FHC fez um comício no centro da cidade. Cinti e Maluly tinham palanques diferentes.

Colaborou Sucursal de Brasília

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