São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 1994
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Lula acusa governo de divulgar boatos

AMÉRICO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, acusou o governo federal de divulgar boatos com a intenção de prejudicar o partido nas próximas eleições.
Lula afirmou, em uma entrevista coletiva concedida ontem, em São Paulo, que a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) é o órgão encarregado de espalhar as versões contra o PT.
O candidato se referia a informações como a de que um eventual governo petista iria dar o calote nas dívidas públicas interna e externa.
O próprio petista admite que não pode provar a acusação contra o governo, mas afirma que pela "quantidade" de boatos eles só podem ser "oficiais".
Lula também criticou o presidente Itamar Franco. Segundo ele, "ao invés de ficar vendendo terrorismo", o presidente deveria negociar aumentos salariais com os trabalhadores da iniciativa privada nos mesmos moldes dos concedidos aos funcionários públicos.
O candidato também voltou a responsabilizar o seu principal adversário, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e a "extrema-direita" pelas "mentiras" e "insinuações" divulgadas contra o PT através de panfletos que estão circulando pelas principais cidades do país.
Alguns desses panfletos imitam uma ficha de filiação partidária. São perguntas de múltipla escolha que pedem às pessoas interessadas em "se filiar" ao PT que respondam, por exemplo, se nasceram numa favela ou na fila do INSS.
Para Lula, esse tipo de recurso é usado contra o PT em todas as eleições. Ele afirmou que espera que a população brasileira esteja "amadurecida" para não acreditar nisso.
O candidato afirmou que tem informações de que o governo federal tem infiltrado agentes nas assembléias de algumas categorias profissionais. O objetivo do governo seria o de mapear as possíveis greves a serem deflagradas em setembro.
As greves têm preocupado os petistas porque podem ser utilizadas pelos adversários de Lula para atacar o partido. Algumas categorias importantes como a dos bancários e a dos petroleiros têm data-base em setembro e podem paralisar suas atividades, caso não cheguem a um acordo de reposição das possíveis perdas salariais.
Lula afirmou que não cabe ao PT definir se os trabalhadores devem fazer uma onda de greves ou não. Segundo ele, cada categoria deve definir sua forma de atuação de acordo com as suas necessidades e organização.
Ontem, o candidato gravou alguns programas de rádio e de TV para o horário eleitoral gratuito. Pela manhã, ele se reuniu com os coordenadores de sua campanha para discutir mudanças na condução dos programas.

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