São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994
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Gangue é condenada a 16 anos

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os irmãos Cláudio, 19, e Alessandro Bandeira, 21, foram condenados ontem a 16 anos de prisão pela morte do estudante Marco Antônio Velasco, em 10 de agosto de 93. A defesa vai recorrer.
Com bons antecedentes, sendo réus primários e se apresentarem bom comportamento, eles poderão ter a pena diminuída e deixar a prisão em dois anos e seis meses.
Marco Antônio, 16, foi espancado até morrer por 11 jovens, entre 14 e 22 anos, integrantes da gangue chamada Falange Satânica.
Ele recebeu golpes de artes marciais, socos e pontapés. Marco Antônio foi atacado embaixo do prédio onde morava (leia texto abaixo).
Outros três acusados estão com julgamento marcado para setembro. Gengis Keine de Brito, 19, Luciano Pinheiro de Souza, 21, e Francisco Rivelino Rodrigues, 20, estão presos desde o dia do crime.
Breno Gustavo Martins, 19, chegou a ser preso e interrogado pela Justiça, mas desapareceu uma semana depois.
Os menores R.O.N., 17, K.A., 16, D.K., 14, e T.W.A., 17, já foram julgados e condenados pela Vara da Infância e da Juventude.
Eles cumprem pena de três anos de reclusão no Centro de Apoio ao Jovem, em Brasília. M.O.G., 16, também está desaparecido.
O julgamento dos irmãos Bandeira durou 25 horas. Eles passaram todo tempo de cabeça baixa. Em seus depoimentos, negaram o crime. Foram desmentidos por três testemunhas de acusação.
Cláudio se contradisse várias vezes nas declarações ao juiz César Laboissiére. Ao contrário do que havia dito à época do crime, ele afirmou anteontem ter tomado conhecimento da briga só no dia seguinte do ocorrido.
O testemunho mais forte foi dado por José Antônio da Silva. Ele jogava futebol no campo em frente ao local do crime e levou Marco Antônio ao hospital.
Ele descreveu o crime como um "ato de extrema violência, uma verdadeira carnificina". Valéria Velasco, mãe de Marco Antônio, retirou-se para não ouvir a descrição detalhada da morte do filho.
Silva mudou-se de Brasília para fugir de represálias dos integrantes da Falange Satânica. Ele disse ter recebido telefonemas anônimos com ameaças de morte.
A família do estudante comemorou silenciosamente o resultado. Valéria Velasco disse ter ficado satisfeita com a pena. "É o começo do fim da impunidade."
Teresa Bandeira, mãe dos acusados, ouviu impassível a condenação dos filhos. Deixou o fórum do Tribunal de Justiça do DF acompanhada de uma amiga e de outros dois filhos. Não quis dar declarações sobre a sentença.
Os irmãos Bandeira foram levados ainda na manhã de ontem para a prisão da Papuda, em Brasília.

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