São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jobim homenageia Pelé e Radamés Gnatalli

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Tom Jobim vai homenagear dois "craques" em seu novo disco: o músico Radamés Gnatalli e Pelé. Eles dão nome a uma faixa instrumental inédita de "Antônio Brasileiro".
"Radamés foi um craque, Pelé é um craque. Quis homenagear os dois, meus amigos", diz Tom Jobim. Radamés também ganhou a instrumental "Meu Amigo Radamés".
"Antônio Brasileiro" será lançado no Brasil em setembro, pelo selo Globo/Columbia. No exterior, o lançamento será feito pela Sony Music.
Sinatra
Antes do novo disco, mais trabalho para Tom Jobim: gravar "Fly me to the Moon" para a nova versão de "Duets", o álbum que traz parcerias vocais do norte-americano Frank Sinatra com vários artistas.
"Gostei de que a música fosse 'Fly me to the Moon'. Não por coincidência, é uma canção bossa nova, americana. Sinatra representa a cultura americana", afirma Tom.
O compositor ainda não sabe como será a gravação. No primeiro "Duets", os convidados de Sinatra gravaram à distância, por telefone ou no estúdio. Só depois as vozes eram mixadas juntas.
"Acho mais interessante gravar por telefone. Já passei a vida num avião", diz Tom. O engenheiro de som do álbum, Phil Ramond, vem ao Brasil em setembro cuidar da gravação.
Aos 67 anos, Tom Jobim reclama de que lhe falta tempo para descansar. "Tenho problemas domésticos para resolver. Só trabalho o dia todo. Eu sou um só, vocês são muitos", diz.
Eleições
Ele não quis declarar em quem vota para presidente da República. Diz que já votou duas vezes em Lula. "Estou com a maioria", desconversa.
A maioria quer dizer Fernando Henrique Cardoso? Tom Jobim não diz que sim nem que não. "O voto é secreto para nenhum operário ser pressionado a votar com o patrão, sabia?"
Quanto ao Plano Real, diz que espera que funcione. E acha "o fim do mundo" a onda de violência no Rio de Janeiro. "Quero um país tranquilo, onde eu possa criar meus filhos em paz".
Tranquilidade não lhe falta em casa, uma mansão no Jardim Botânico com vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas (zona sul do Rio). Sempre que pode, aproveita para pôr no colo a filha caçula, Maria Luísa, 7.
A menina herdou o nome da música composta pelo pai. "Mas antes da música eu já tinha planos de ter uma filha chamada Luísa", conta Tom.
Luísa, diz, não quer que ele morra. E o pai já se acostumou a responder sobre sua entrada na galeria dos "imortais" da Academia Brasileira de Letras.
Tom diz que sua candidatura à ABL é "coisa dos amigos" e lembra que Carlos Drummond de Andrade nunca foi da Academia.
"Se quero ser imortal? Não sei. A Lulu não quer que eu morra. Eu, cá por mim, não tenho nenhuma pressa de morrer."

Texto Anterior: Novo 'Anel' faz apoteose da moda
Próximo Texto: Disco terá seis inéditas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.