São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994
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Prêmio Smirnoff traz a SP o inglês Abe Hamilton

EVA JOORY
DA REPORTAGEM LOCAL

Prêmio Smirnoff traz aSP o inglês Abe Hamilton
Estilista da nova geração julga concurso e faz minidesfile
O estilista inglês Abe Hamilton chega a São Paulo dia 11 de setembro. Ele presidirá o júri da final nacional do prêmio Smirnoff de moda, dois dias depois, e aproveita para apresentar parte de sua atual coleção de verão.
Hamilton, 32, é um dos nomes mais importantes da nova safra de estilistas que começa a aparecer na moda inglesa, mergulhada no marasmo desde a explosão de John Galliano no início dos anos 80.
Alcançou visibilidade no evento "Inner Space", destinado a revelar novos talentos, o mesmo que este ano revelou o estilista mineiro Inácio Ribeiro.
Ao lado de Hamilton, nomes como Bela Freud, Alexander McQueen, Flyte Ostell e Cooperwheat Blundell trabalham para dar uma cara nova à moda inglesa. Dois aspectos fundamentais norteiam a moda da nova geração: simplicidade e despojamento.
Em entrevista à Folha por telefone, de Londres, o estilista diz que moda hoje não é se preocupar com marcas: "As pessoas estão cansadas do hype que se cria em torno das roupas, dos estilistas e do luxo abusivo. Conforto é fundamental. Eu não me associo com moda. Para mim roupa e moda são coisas diferentes".
Folha - O que a mulher precisa hoje, em termos de roupas?
Abe Hamilton - Acho que as mulheres querem antes de tudo se sentir bem com a roupa. Querem se sentir mais relaxadas, sem se preocupar com marcas ou "estar na moda". Precisam seguir seu instinto e escolher um look que lhes dê personalidade.
Folha – Qual elemento melhor define sua geração?
Hamilton - Simplicidade. Quero fazer peças de roupas de qualidade que possam ser usadas durante anos, sem perder a beleza e a originalidade. Hoje é cafona se vestir dos pés à cabeça com roupas combinando, de uma marca só.
Folha - Quem são os estilistas que você admira?
Hamilton - Atualmente nenhum. Os últimos que chamaram minha atenção foram os estilistas japoneses do começo da década: Rei Kawakubo e Issey Miyake.
Folha - Por que tanto tempo para que uma nova geração reenergizasse a moda inglesa? A última apareceu nos anos 80.
Hamilton - Os estilistas ingleses tiveram uma péssima reputação naquele período. Era uma época em que compradores vinham a Londres e os estilistas nunca conseguiam entregar as roupas em tempo. Na verdade, ninguém se preocupou em ter experiência antes de enfrentar o mundo dos negócios da moda. Fazer moda é principalmente saber gerenciar o negócio, comercializá-lo. Se não, de que adianta o talento?
A atitude mudou com minha geração. Fazemos roupas mais sofisticadas e clássicas, mas com inovação.
Folha - A volta do glamour ajudou?
Hamilton - Sim. Gosto de pensar em roupas que possam ser usadas facilmente tanto à noite como de dia, que tenham algo de especial. Gosto de roupas bonitas, que transmitam uma emoção. Não acho que uma roupa tenha que ter só um lado prático e funcional, mas não sou a favor de exageros.

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