São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994
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Um cavalo com chifre de alce

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Fernando Henrique Cardoso considerou ontem "ridículas" as revelações sobre o envolvimento da máquina do governo a favor de sua candidatura. "A imprensa está procurando chifre em cabeça de cavalo", disse à Folha. Com todo respeito, senador, mas esse cavalo tem chifre. E chifre de alce.
A Folha revelou, por exemplo, o bilhete assinado por um ministro, condicionando a inaguração às pressas de uma hidrelétrica ao cronograma eleitoral. Indiferente aos critérios técnicos, o presidente Itamar Franco mandou a Caixa Econômica Federal vender 300 mil casas populares.
O repórter Lúcio Vaz obteve ontem documento que mostra a sem-cerimônia do envolvimento do governo na campanha. Está previsto para o próximo sábado comício de Fernando Henrique, em Samambaia, periferia de Brasília.
O comitê de Walmir Campelo, candidato a governador, pediu em ofício que o governo do Distrito Federal preparasse o terreno, onde será montado o palanque. Um carro-pipa do corpo de bombeiros jogou 6.000 litros de água sobre a terra aplainada pelos tratores. Detalhe: frequentemente falta água naquela região, principalmente agora na seca.
O governo se comporta como um time de futebol que está ganhando de cinco a zero, falta pouco para a partida acabar e, ainda por cima, o atacante quer fazer um gol com a mão –e impedido.
PS – Uma das estrelas da bolsa de ministeriáveis caso Fernando Henrique Cardoso vença, o filósofo José Arthur Giannotti, em contato ontem com esta coluna, garantiu: "Não sou candidato a ministro da Educação". Acrescenta: não está disposto a se mudar para Brasília; prefere manter-se na ciência. Em tom de brincadeira, disse que já tinha negociado um cargo: "Assessor especial na cozinha do Palácio da Alvorada". Informa, porém, que já desistiu da idéia: "Depois que a imprensa revelou os dotes culinários de Ruth Cardoso, abandonei minhas pretensões".

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