São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 1994 |
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Dor da guerra dá lugar às comemorações
ALICE GOMES
Após a recente comemoração do cinquentenário do desembarque das tropas anglo-americanas na Normandia –festa que reuniu em 6 de junho os chefes de Estado dos países aliados– é a vez de Paris festejar um dos episódios mais emocionantes de sua história. A Segunda Grande Guerra é para o francês uma lembrança próxima, dolorida e amarga. No dia 14 de junho de 1940 as tropas alemãs invadiram Paris transformando-a em cidade aberta. Um grupo de oficiais constituiu o novo governo, chefiado pelo marechal Pétain, pedindo armistício. Mas parte dos parisienses resistiu e o general Charles de Gaulle, então exilado em Londres, proclamou que a França continuaria lutando apesar da capitulação do governo de Pétain. Muitos franceses participaram da resistência e De Gaulle conseguiu a adesão de parte do exército e da esquadra. Em julho de 1944 os líderes dos países aliados –Winston Churchil, Franklin D. Roosevelt e Josef Stálin– decidiram que a operação militar conhecida como "Dia D" deveria ser posta em prática e o general Dwight Eisenhower desembarcou com as tropas aliadas na costa da Normandia. Um mês depois, no dia 25 de agosto de 1944, estourou a insurreição vitoriosa. No dia seguinte, o general De Gaulle fez sua entrada em Paris, desfilando desde o Arco do Triunfo até a catedral de Notre Dame. Muitos dos cidadãos franceses passaram anos importantes de sua infância e juventude mergulhados no horror da guerra, da fome, dos bombardeios e da morte. Agora o governo francês rende homenagens a esses cidadãos que se uniram nas inúmeras barricadas e que, naquele agosto de 1944, libertaram a cidade. Meio século depois é difícil imaginar Paris sem Notre Dame, Louvre, Arco do Triunfo e torre Eiffel. Mas esses monumentos poderiam ter desaparecido se o general Von Choltitz, comandante das tropas alemãs, executasse a ordem dada pessoalmente por Adolf Hitler para destruir a cidade. Passaram 50 anos e Paris voltou a ser uma festa. Agora a cidade está coberta por enormes fotos da época, assinadas pelos fotógrafos Doisneau e Cartier-Bresson. Até o Arco do Triunfo se transformou, até o dia 31, numa insólita "escultura sonora". A obra, desenvolvida pelo norte-americano Bill Fontana, associa arte, história, acústica e telecomunicações. Da torre é transmitido ao vivo o som do mar da Normandia, por um sistema telefônico de última geração. O som do mar é tão nítido ao redor da praça de l'Étoile que passantes têm a sensação da proximidade da costa normanda. Uma extensa programação organizada pela Prefeitura de Paris, com exposições, festas populares e celebrações, constitui um motivo a mais para visitar a cidade neste fim de verão. Texto Anterior: San Antonio lembra poder dos espanhóis Próximo Texto: A PROGRAMAÇÃO NA CAPITAL FRANCESA Índice |
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