São Paulo, sexta-feira, 26 de agosto de 1994
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Vizinhos apedrejam academia de taekwondo

DA REPORTAGEM LOCAL E DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A academia de taekwondo Seul, de propriedade do professor Luiz Carlos Colaço, foi apedrejada ontem por moradores do bairro Núcleo Colonial, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (PR).
Colaço é acusado de matar na última terça seu aluno Fábio de Paula Silva, 17, com um golpe de taekwondo, uma arte marcial.
O golpe atingiu o peito do estudante e teria causado, segundo a polícia, lesões internas e parada cardíaca e respiratória.
O delegado Gilson Bezerra, de Pinhais, disse ontem que Silva recebeu mais um golpe do professor, depois de cair.
Bezerra afirmou que cinco alunos da academia teriam confirmado essa versão em depoimento prestado ontem.
Segundo Carlos Negrão, 33, técnico da seleção brasileira de taekwondo e diretor da Federação Brasileira, tudo indica que o professor Colaço se "excedeu".
"Professor não luta com aluno. Professor não desfere golpes em alunos. O que o professor faz é simular e ensinar golpes para seus alunos", disse Negrão.
"Ser faixa preta não habilita o atleta a dar aulas. O curso para instrutores ensina técnicas de primeiros socorros", afirmou Negrão.
A Folha tentou falar com os alunos, mas eles não quiseram dar declarações. "Eles estão assustados", disse o delegado.
Fábio Silva morava com a família num bairro pobre de Pinhais (PR), a 20 km de Curitiba. Ele foi enterrado pela manhã no cemitério local na presença de familiares e amigos da Igreja Evangélica, da qual fazia parte junto com suas duas irmãs, mãe e demais familiares.
Silva estava frequentando a academia há pouco mais de um ano. Segundo o delegado, ele teria passado mal num campeonato realizado há seis meses.
A academia foi lacrada pela polícia. Ela fica em frente à casa do professor, que até ontem continuava foragido. Um parente de Colaço, que não quis se identificar, disse que ele deve se apresentar hoje à polícia.

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