São Paulo, sexta-feira, 26 de agosto de 1994
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EUA recusam negociação com Cuba

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo dos Estados Unidos rejeitou ontem por completo a possibilidade de negociar com o de Cuba uma solução para o problema dos refugiados.
O presidente cubano Fidel Castro fez essa proposta anteontem à noite, em discurso de duas horas e meia na televisão de Cuba.
Ontem, o presidente Bill Clinton disse que Castro deve primeiro "negociar com seu próprio povo o retorno à democracia" para depois procurá-lo.
O senador Chris Dodd, do partido do governo, condenou a reação da Casa Branca: "Não negociar com Castro é anacronismo", disse.
Devido à formação de uma tempestade tropical no Caribe prevista para o final de semana, o número de embarcações de Cuba com destino à Flórida diminuiu ontem.
Entre sexta-feira da semana passada a anteontem, mais de 10 mil refugiados cubanos foram recolhidos no mar pela Guarda Costeira dos Estados Unidos.
Há uma semana, o presidente Bill Clinton alterou política em vigor durante os últimos 28 anos que garantia asilo a todos os cubanos que chegassem a território norte-americano.
Ele acusou Fidel de facilitar o êxodo de insatisfeitos com o governo cubano e disse que não permitiria que ele controlasse a política imigratória norte-americana.
Castro admitiu pela primeira vez anteontem ter ordenado à sua polícia que parasse de impedir a saída de cubanos do país e acusou o embargo econômico dos Estados Unidos contra Cuba de ter criado tanta insatisfação no país.
Ele também acusou o governo Clinton de estar criando um "campo de concentração" na base naval de Guantánamo.
Clinton resolveu enviar os refugiados recolhidos no mar para Guantánamo, território cubano de 125 km2 alugado pelos Estados Unidos desde 1934 no sul da ilha.
Até ontem, havia 5.500 cubanos em Guantánamo. Outros sete mil estão a caminho. Os Estados Unidos acham que podem abrigar até 60 mil pessoas ali.
Além dos cubanos, há 14.545 refugiados haitianos na base. Os haitianos e os cubanos ficarão em áreas separadas.
Os refugiados vão ser colocados em tendas com 30 camas cada. Campos de futebol e salas de aula serão construídos.
A operação exige investimento avaliado em US$ 100 milhões e custo de manutenção de US$ 20 milhões mensais.

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