São Paulo, sexta-feira, 26 de agosto de 1994
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Indagações, insinuações; Ataques pessoais; Espionagem em sindicatos; Prefeitura e alimentos; Petista e peessedebista; Matias Machline

Indagações, insinuações
"Tendo em vista referências feitas à minha pessoa, em crônica desse prestigioso e democrático órgão de comunicação (caderno Dinheiro, 24/08) tenho a honra de encaminhar a V.Sa. cópia do dossiê remetido à OAB, com fundamento no qual formulei pergunta ao ilustre senador Esperidião Amin, no programa 'Entrevista Coletiva', da TV Bandeirantes. A indagação foi, pois, inteiramente fundada e oportuna. Nessa mesma crônica, fui cientificado de que tenho candidato à Presidência da OAB-SP nas próximas eleições. Como não tinha conhecimento disso, estou curioso de saber quem é ele e qual o seu nome. Talvez seja informado na próxima crônica. Aguardo."
José Roberto Batochio, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (Brasília, DF)

Resposta do colunista Luís Nassif – Como advogado de grandes clientes –como o "banqueiro" Ivo Noal– o sr. Batochio deveria ser mais consequente e considerar que meros registros de protocolo estão longe de se constituir em sentença judicial. Cabia-lhe a hombridade de apresentar esses papéis no debate, permitindo ao senador Amin explicar-se (ou não), e não recorrer a insinuações grosseiras, impróprias a um especialista em leis. Seu candidato à Presidência da OAB-SP chama-se Guido Andrade.

Ataques pessoais
"No Brasil, há o péssimo costume de transformar rapidamente a polêmica de idéias ou o debate de propostas em ataques pessoais. Foi o que aconteceu em recente discussão sobre o novo Estatuto da Ordem dos Advogados. O presidente da Ordem, dr. José Roberto Batochio, defendeu o Estatuto em declarações a uma revista semanal, no exercício de um direito que ninguém pode recusar-lhe. O jornalista Luís Nassif, no cumprimento de um dever profissional e com sua conhecida franqueza, rebateu os argumentos, tecendo críticas ao teor corporativista de alguns artigos da nova lei. Treplicando, o presidente da Ordem foi desnecessariamente agressivo com Nassif, se excedendo em contestações pessoais. Para os cidadãos, cujos direitos podem ser afetados pelas disposições polêmicas do novo estatuto, seria importante que o debate retornasse a seu verdadeiro objeto."
José Serra, deputado federal pelo PSDB-SP (São Paulo, SP)

Espionagem em sindicatos
"Na edição de 22/08, Gilberto Dimenstein assina matéria sobre espionagem do governo nos sindicatos a propósito de uma suposta onda de greves que a CUT prepararia para setembro. Em nenhum momento se dá a palavra para o movimento sindical desmentir esta velha e conservadora teoria conspiratória nem se discute o que significa para uma sociedade democrática esta ridícula espionite e as intenções eleitorais subjacentes. Não contente, Dimenstein em 23/08 atribui a ação da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) aos 'moderados' do PT, permanentemente preocupados com a ação de grupos radicais'. A afirmativa é caluniosa e faz parte de uma prática profissional que não honra nenhum jornalista. Da mesma forma é surpreendente que Dimenstein, sempre pronto a mencionar a falta de convicções democráticas do PT, cale-se diante de um ato típico de Estados totalitários."
Marco Aurélio Garcia, coordenador do programa de governo do PT (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Gilberto Dimenstein – Sinceramente não consegui entender a carta de Marco Aurélio Garcia, a quem respeito pelo humanismo e convicção democrática. A reportagem revelou justamente uma prática que considero autoritária, tanto que irritou a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), obrigada a lançar um desmentido formal. Só posso atribuir a confusão ao clima nervoso que reina no PT, provocado pela queda nas pesquisas.

Prefeitura e alimentos
"É difícil, senão impossível, uma ação de governo agradar a imprensa nos dias que correm. No caso dos alimentos impróprios para o consumo, a Prefeitura de São Paulo foi primeiro acusada de 'proteger' os fabricantes pela demora em divulgar a lista de produtos e respectivas marcas. Após o prefeito Maluf ter exigido que o processo fosse agilizado para a divulgação da lista em dez dias –acabou saindo em apenas uma semana–, a Folha agora critica a administração municipal (editorial de 19/08) por 'manchar' o nome das empresas. A prefeitura levantou o problema da qualidade dos produtos que a população consome, rompendo um círculo de omissão dos poderes públicos, nos diversos níveis, sobre esta questão. A fiscalização dos fabricantes cabe à esfera estadual e federal e a identificação e punição dos responsáveis ao Ministério Público e à Justiça, setores que foram despertados para a questão e estão agindo. Na esfera municipal, continuará sendo feito o rigoroso controle dos pontos de venda. Esta atitude naturalmente contraria interesses, mas o saldo da polêmica será positivo para a população."
Waldemar Costa Filho, secretário do Abastecimento do Município de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação – Tudo o que a Folha quer é uma fiscalização eficiente e responsável.

Petista e peessedebista
"Após vários anos de assinante da Folha, nos quais sempre senti o compromisso de 'não ter o rabo preso', não estou renovando a minha assinatura embasado em dois fatos que considero relevantes: 1) a posição absolutamente militante de comprometimento com o PT e seu candidato Lula –o que não considero criticável, porém não é aceitável a manipulação de manchetes, as críticas direcionadas sempre contra uma candidatura pelos articulistas, todos militantes de carteirinha do PT (exceto Dimenstein) e charges sempre ofensivas à pessoa de FHC (especialmente as de Angeli)."
Arturo Lobato (São Paulo, SP)

"Estou devolvendo material que recebi dia 18/08, alusivo à renovação de minha assinatura. Estou muito decepcionado com o comportamento da Folha nestas eleições, assim como de toda, mas toda mesmo, mídia. Achava que, depois de ajudarem a eleger Collor, os jornalistas brasileiros tivessem aprendido a lição e seriam, nestas eleições, ao menos imparciais. No entanto, a parcialidade vergonhosa que vêm utilizando em favor de FHC e contra Lula leva-me a crer que o corporativismo da imprensa é maior do que tudo."
Agostinho Simili (Assis, SP)

Matias Machline
"Passados alguns dias da morte do Matias Machline, quero relembrar, à Redação da Folha, ter sido esse um empresário autêntico e moderno –audacioso, empreendedor, visionário, inovador, predestinado, e, de certa forma, mago. Pioneiro em alguns campos, foi vitorioso na eletroeletrônica, telecomunicações, informática e marketing cultural, entre outros. A história empresarial brasileira fará um dia justiça a Machline, um Mauá do século 20."
Luiz Ernesto Kawall (São Paulo, SP)

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