São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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Empresário iniciou na construção como operário e era autodidata

DA REDAÇÃO

Um dos poucos brasileiros a figurar na lista dos homens mais ricos do mundo, Sebastião Ferraz de Camargo Penteado nasceu em 25 de setembro de 1909 na cidade paulista de Jaú, onde concluiu os estudos básicos. Era filho de Francisco Ferraz de Camargo e Anna Claudina de Carvalho Ferraz.
Autodidata, conhecia a geologia e a engenharia sem ter frequentado uma faculdade. Modelo de "self-made man", cursou apenas até o quarto ano primário.
O empresário que em 1987 figurou na lista da "Fortune" como o 71º bilionário do planeta iniciou a vida como operário da construção civil.
Era o único latino-americano na relação de 98 fortunas superiores a US$ 1 bilhão. Foi apresentado como "o construtor do Brasil".
A primeira obra de que participou, em 1926, foi a construção da estrada Apiaí-Ribeira, a primeira ligação rodoviária entre São Paulo e Curitiba.
Em 1933 criou sua própria empresa, em sociedade com o amigo Silvio Brandt Corrêa. A partir da 2ª Guerra Mundial, a empresa recebeu grande impulso com a construção de aeroportos em vários pontos do país.
A Camargo Corrêa participou de algumas das maiores obras de engenharia do país, como a ponte Rio-Niterói, as usinas de Jupiá e Ilha Solteira, no Estado de São Paulo, a rodovia Transamazônica e os metrôs paulistano e de Brasília.
"Acho que o grande progresso do Brasil foi no regime militar", declarou à Folha, em dezembro de 1990. Para ele, 80% da dívida externa brasileira foi "bem aplicada".
Nos anos 70, Camargo chegou a participar de delegações brasileiras no exterior para negociar com organismos como Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
No final desta década, a empresa liderou o consórcio construtor da usina de Guri, na Venezuela, considerada a segunda maior do mundo em geração de energia.
A marca da Camargo Corrêa está em praticamente todas as grandes rodovias paulistas, da Via Anchieta à rodovia dos Trabalhadores.
Ao longo de sua trajetória, Camargo tratou de diversificar. Investiu no setor têxtil e fundou em 1948, a Cia. Jauense de Fiação; em projetos de cultivo de arroz e na área financeira (Banco Geral do Comércio).
O grupo Camargo Corrêa está posicionado em 21º no mais recente ranking de Folha 300, com ativos de US$ 1,5 bilhão.
O leque dos investimentos compreende também participação acionária na Alcoa (41% das ações), Grupo Alpargatas (31%) e Itaúsa, que possui interesses no mercado financeiro e de informática.
Uma de suas paixões, a criação de cavalos puro sangue, está concentrada na Fazenda Morro Vermelho, uma das três que o grupo possui.

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