São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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Fusões e aquisições devem ter novo surto

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um novo surto de expansão das fusões e aquisições de empresas no Brasil deverá ocorrer a partir de outubro próximo, caso se confirme a tendência indicada pelas pesquisas eleitorais: a vitória de Fernando Henrique Cardoso já no primeiro turno da eleição presidencial.
A previsão é de David Bunce, sócio-diretor da subsidiária brasileira da firma alemã de auditoria e consultoria KPMG Peat Marwick.
Para ele, a aceleração na entrada de dólares por meio do Anexo IV –destinados à compra de ações de empresas brasileiras negociadas nas Bolsas de Valores– depois que FHC passou a liderar as pesquisas, é um bom termômetro da disposição do capital estrangeiro.
O pressuposto é de que as aplicações nas Bolsas de Valores representam uma espécie de pelotão de reconhecimento do terreno, atrás do qual virão os investimentos diretos na produção.
A avaliação de Bunce coincide com as de bancos de investimentos nacionais e estrangeiros que intermediam essas operações, como o Pactual, Merrill Lynch, J.P. Morgan, Patrimônio (associado ao Salomon Brothers) e Baring.
Uma pesquisa realizada pela KPMG desde 1992 revela que, no primeiro semestre deste ano, foram fechadas 82 operações de aquisição e joint venture, indicando estabilidade em relação aos 80 negócios do mesmo período de 1993.
Bunce destaca, porém, que 1993 foi um ano de forte crescimento dos negócios de fusões e aquisições no país.
O levantamento da KPMG, que abrange as transações das principais empresas, mostra que, no ano passado, 155 companhias foram alvo de aquisições, joint ventures, fusões, cisões e incorporações.
Houve um aumento de 167% sobre os 58 negócios dessa natureza fechados em 1992.
Os valores da maioria das transações não são divulgados. Mas, dos 58 negócios fechados em 92, apenas 24 movimentaram US$ 2,7 bilhões. E 47 das 155 operações de 93 somaram US$ 3,9 bilhões.
Já as 28 das 82 transações no primeiro semestre de 94 envolveram US$ 1,1 bilhão.
Uma comparação dos números sugere que a tendência anterior das pesquisas eleitorais, que davam ampla vantagem a Luiz Inácio Lula da Silva, pode ter inibido a velocidade de crescimento dos negócios de fusões e aquisições. Mas a verdade é que não houve redução.
Um dos motivos da manutenção das transações, na opinião do sócio-diretor da KPMG, foi a estratégia adotada pelos bancos de investir em participações acionárias de empresas não financeiras, para tentar, segundo Bunce, limitar o risco de danos de tratamento mais duro que seria dispensado ao setor financeiro por Lula.
Como exemplos recentes, ele cita as compras da Drogasil pelo Banco Patrimônio e da Conibra pelo conglomerado financeiro Real.

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