São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994
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EUA tiram civis de Guantánamo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo dos EUA ordenou a remoção de 2.236 dependentes de militares e funcionários civis da base naval de Guantánamo, Cuba.
As mulheres e crianças começam a deixar Guantánamo na quarta-feira para dar espaço para a acomodação de refugiados cubanos.
A decisão também se deve a motivos de segurança: há temores de que, para aumentar a pressão sobre os EUA, o governo de Cuba libere a sua fronteira com Guantánamo, o que poderia levar milhares de pessoas à base.
A base de Guantánamo é cercada por cercas de arame farpado eletrificadas e por milhares de minas enterradas no chão. O governo dos EUA tem feito apelos aos cubanos para que não tentem entrar ali por terra.
Já há 11 mil refugiados cubanos alojados em Guantánamo e os EUA querem criar abrigo para até 60 mil deles.
Há dez dias, o presidente dos EUA, Bill Clinton, resolveu proibir a entrada de refugiados cubanos em seu país e ordenou que eles fossem recolhidos ainda no mar e levados para Guantánamo.
Os refugiados tentam chegar aos EUA devido às péssimas condições da economia cubana. O presidente Fidel Castro responsabiliza o bloqueio econômico imposto pelos EUA a Cuba durante 28 anos pela situação.
Castro tenta convencer os EUA a negociarem o fim do bloqueio. Deu ordens à sua polícia para não impedir a saída do país dos que quiserem ir.
A esperança de Castro é que, com o fim do bloqueio, a economia cubana receba uma injeção de capital estrangeiro capaz de reanimá-la.
Na quarta-feira, ele ofereceu a Clinton a possibilidade de começarem conversações de primeiro escalão para resolver o problema.
Clinton recusou e disse que apenas manterá as negociações técnicas sobre migração com Cuba iniciadas há seis anos. Na sexta-feira, o governo cubano disse que aceitava continuar essas reuniões e esperava ampliá-las.
Além de impedir a entrada de cubanos nos EUA, Clinton também proibiu a saída de dinheiro dos EUA para Cuba. Desde sexta-feira, os cubanos residentes nos EUA não podem mais remeter os US$ 100 mensais que lhes era permitido enviar para seus parentes em Cuba.
Isso vai privar a economia cubana de cerca de US$ 500 milhões anuais. Vôos entre os Estados Unidos e Cuba também foram proibidos por Clinton.

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