São Paulo, segunda-feira, 29 de agosto de 1994 |
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Fidel proíbe crianças nas balsas para a Flórida
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
O presidente de Cuba, Fidel Castro, 68, proibiu ontem crianças e adolescentes de deixarem seu país pelo mar em direção aos Estados Unidos. O anúncio da medida foi feito num artigo assinado por Castro no jornal "Juventud Rebelde". Ele disse que a polícia tem ordens para impedir a saída de crianças e adolescentes, mas não vai prendê-las. No início deste mês, Castro orientou a polícia cubana para deixar que todas as pessoas desejosas de deixar o país saíssem como quisessem. Seu objetivo é o de criar problemas sociais no Estado norte-americano da Flórida, para onde todos os refugiados se dirigem e, com isso, forçar os Estados Unidos a negociar o fim do embargo econômico de 28 anos contra Cuba. Segundo Castro, o embargo é o responsável principal pelas dificuldades econômicas que seu país enfrenta. Em resposta, o presidente dos EUA, Bill Clinton, 48, mandou sua Guarda Costeira capturar ainda no mar os refugiados cubanos. Eles estão sendo levados presos para a base norte-americana de Guantánamo, em Cuba. Clinton rechaçou a sugestão de Castro para que os dois países iniciassem conversações de alto nível sobre o futuro de suas relações. Ele também proibiu a remessa de dinheiro dos Estados Unidos para Cuba e o tráfego de aviões entre os dois países. Essas duas medidas vão privar Cuba de cerca de US$ 600 milhões anuais. Diálogo Na próxima quarta-feira, em Nova York, serão retomadas conversações entre funcionários de terceiro escalão dos Estados Unidos e de Cuba sobre assuntos de migração. Essas reuniões ocorrem duas vezes por ano desde 1986. O secretário de Estado norte-americano, Warren Cristopher, disse ontem em Washington que na rodada desta semana o objetivo será atingir um compromisso pelo qual os Estados Unidos aumentem a quota de imigrantes cubanos legais e Cuba impeça a continuidade do êxodo de refugiados ilegais. No mês de agosto, mais de 17 mil cubanos saíram ilegalmente de Cuba com destino aos Estados Unidos. Na semana passada, a Guarda Costeira dos EUA chegou a resgatar 3.200 cubanos num só dia. Esse número diminuiu bastante desde quinta-feira, devido à formação de tempestades tropicais no estreito da Flórida, que tem de ser atravessado pelos refugiados. Cristopher também disse que, "se Fidel Castro quiser realizar reformas democráticas em seu país, como promover eleições livres, os EUA responderão de maneira cuidadosamente calibrada". A política do governo Clinton para Cuba está sendo bastante criticada por parlamentares dos dois principais partidos políticos dos Estados Unidos. Texto Anterior: Plebiscito sérvio deve rejeitar paz Próximo Texto: Kennedy ia acabar com embargo, diz ex-assessor Índice |
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