São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 1994
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Bolsa oscila e fecha em alta de 2,08%

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Oscilação. Essa foi a tônica de ontem do mercado financeiro. Quem errou a mão, perdeu.
O dólar comercial (exportações e importações) bateu em R$ 0,900. Fechou cotado a R$ 0,891.
Em todo final de mês, aumentam as remessas e, por isto, as cotações ficam pressionadas. Mas, comentou o mercado, o governo também está usando os instrumentos de que dispõe (Petrobrás, BB etc), sem gastar reais, para levantar um pouco as cotações.
A Bolsa paulista chegou a cair 1,5%. Fechou em alta de 2,08%. O índice futuro da Bolsa oscilou só pouco mais de três mil pontos.
No fundo, grandes investidores "bateram" nos preços para comprar ações mais baratas. Não há grandes vendedores no mercado.
O juro chegou a subir. Fechou projetando no mercado futuro uma taxa efetiva de 3,81% para setembro, contra 3,85% da última sexta-feira.
Apesar da oscilação, o cenário do mercado não se alterou: Bolsa para cima; dólar, como diz o jargão do mercado, de lado; e juro nominal (com ajuda do calendário, setembro tem mais dias úteis do que este mês) em ligeira queda.
O assunto do dia foi o IPC-r, de 5,46%, e seus impactos na economia. Os mercados absorveram o número.
O impacto imediato do IPC-r é de um aumento da massa salarial ao redor de 1,5% (as datas-base de setembro somam aproximadamente 12% da massa salarial) –não é nada desesperador.
No médio prazo, como o IPC-r é indexador dos salários, ele vai virar, de um lado, custo para as empresas e, de outro, alguma elevação do consumo. O resultado desta equação é que vai determinar se este índice vai ou não produzir mais inflação para frente.
É por isto que alguns analistas disseram estar preocupados é com a possibilidade de um índice tão alto (que retrata a chamada inflação passada) acabar reintroduzindo a indexação da economia.
No centro de preocupação continua o consumo e as expectativas sobre quais medidas o governo vai adotar para controlá-lo.
O consenso que se está formando é que o juro não sobe –para não provocar novos desequilíbrios macroeconômicos, já que o Tesouro é o maior devedor. O governo vai adotar medidas tópicas. Nada retumbante. Nada que faça muita marola. E la nave va.

JUROSCurto prazo
Os cinco maiores fundões registravam rentabilidade diária de 0,126% no último dia 25. A taxa média do over, segundo o mercado, foi de 5,24% ao mês. No mercado de Depósito Interbancário (CDIs), a taxa média do over foi de 5,27% ao mês.
CDB e caderneta
As cadernetas rendem 2,6418% no dia 1º de setembro. Os CDBs prefixados para 30 dias pagaram entre 57% e 57,8% ao ano. Títulos pós-fixados de 122 dias pagaram juros entre 16% e 16,3% ao ano mais TR.
Empréstimos

Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: as taxas variaram de 5,26% ao mês a 5,35% ao mês. Para 30 dias (capital de giro): as taxas variaram entre 53,5% e 65,5% ao ano.
No exterior

Prime rate: 7,75%. Libor: foi feriado em Londres.
AÇÕES
Bolsas
São Paulo: o índice fechou a 53.230 pontos com alta de 2,08% e volume financeiro de R$ 290,114 milhões. Rio: alta de 1,0% (I-Senn), fechando com 20.635 pontos e volume financeiro de R$ 40,428 milhões.
Bolsas no exterior
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou a 3.898,50 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou com 20.600,42 pontos. Em Londres foi feriado.
DÓLAR E OURO

Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,890 (compra) e R$ 0,891 (venda). Segundo o Banco Central, o dólar comercial foi negociado, na média, por R$ 0,894 (compra) e por R$ 0,896 (venda). "Black": R$ 0,890 (compra) e R$ 0,910 (venda). "Black" cabo: R$ 0,910 (compra) e R$ 0,915 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,88 (compra) e R$ 0,91 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: alta de 0,81%, fechando a R$ 11,22 o grama na BM&F, movimentando 1,49 toneladas.
No exterior
Segundo a agência "UPI", em Frankfurt, o dólar foi cotado a 1,5820 marco alemão. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 100,20. A onça-troy (31,104 gramas) de ouro na Bolsa de Nova York fechou a US$ 387,10.
FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para agosto fechou a 4,17% ao mês, a 3,81% para setembro e a 3,93% para outubro.
No mercado futuro de dólar, a cotação foi de R$ 0,894 para 31 de agosto e a R$ 0,920 para 30 de setembro.
O índice Bovespa no mercado futuro para outubro fechou a 56.800 pontos.

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