São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 1994
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Governo lança emendão após 1º turno

TALES FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), anunciou ontem que o governo já está se programando para enviar ao Congresso, logo após o primeiro turno, propostas de emendas constitucionais com as reformas tributária, previdenciária e de flexibilização dos monopólios estatais.
Segundo Luiz Carlos Santos, o chamado "emendão" virá logo após o primeiro turno simplesmente porque "não irá haver segundo turno de eleições presidenciais". Segundo ele, o candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, será eleito no primeiro turno.
O líder do governo disse que já discutiu o assunto com o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, que se mostrou "entusiasmado com a idéia". Ontem, em almoço com líderes partidários, Ricupero voltou a citar sua disposição de enviar o emendão ao Congresso.
"O Plano Real morre no início do ano que vem se não forem feitas essas reformas estruturais", disse Luiz Carlos Santos. Segundo ele, o emendão é a quarta fase do Plano Real, e "cabe ao atual governo implementá-la, preparando o terreno para o governo FHC".
Peemedebista, Santos é inimigo de Orestes Quércia, candidato do PMDB. Mas ao contrário do líder do governo no Senado, Pedro Simon (PMDB-RS), ele não admite publicamente que votará em FHC.
"O Simon não é candidato a nada, mas eu sou candidato à reeleição. Não vou abrir espaço para que peçam a impugnação da minha candidatura", disse Santos.
O líder do PSDB na Câmara, Arthur da Távola (RJ), se disse "simpático à idéia" do emendão, mas se mostrou menos confiante:
"Ainda não tenho claro que não irá ocorrer o segundo turno e também não sei se o jogo de forças no Congresso irá permitir a aprovação de emendas constitucionais."
Para ser aprovada, uma emenda precisa do voto de três quintos dos 503 deputados e 81 senadores, em dois turnos de votação.
Ainda que nada seja aprovado, o líder do governo na Câmara acha haverá um saldo positivo: "Pelo menos teremos iniciado a discussão do assunto", disse Santos.
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) tem outra visão do emendão: "Essa chamada quarta fase do Plano é a fase de maior custo social e a estratégia deles é evitar que um eventual governo FHC comece enviando ao Congresso propostas impopulares."

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