São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 1994
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Cresce calote no crediário em SP

FILOMENA SAYÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O crediário parece estar perdendo o fôlego.
A ACSP (Associação Comercial de São Paulo) registrou 54.568 inadimplências (falta de pagamento de carnês) em São Paulo do dia 1º a 28 deste mês.
Como os lojistas têm 30 dias para comunicar a entidade, reflete a inadimplência de julho e até mesmo junho.
A quantidade significa um aumento de 30,7% a mais sobre o mesmo período do ano passado e 30,2% a mais sobre o mesmo período de julho, primeiro mês do real.
Historicamente, explica Emilio Alfieri, economista da entidade, o índice médio de inadimplência é de 8%. Em momentos de crise, chega a 10%.
"Deveremos fechar agosto com cerca de 60 mil insolvências. O que pode equivaler a um índice de cerca de 8%. Não é recorde mas pode demonstrar que eventualmente a inadimplência pode progredir. É um sinal de alerta", diz.
Em março, relembra, 82.393 insolvências foram computadas. Nos meses seguintes, houve queda contínua, chegando a 45.651 em julho. "A alta em agosto (54.568) é um sinal de alerta. Nem tudo são rosas nessa onda de crediário."
O economista afirma que é preciso muita cautela. "Não adianta a loja vender produtos pelos quais não vai receber. E o consumidor também corre o risco de ficar sem dinheiro para pagar seu carnê."
As consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), termômetro das vendas a prazo, somaram 848.247 do dia 1º a 29 de agosto (25 dias úteis). A média diária foi de 33.930.
Em comparação com o mesmo período de 93, foi um aumento de 47,83% (573.800 registros em 24 dias úteis). A média diária cresceu 41,92% (23.908 registros).
Mas os números mostram queda no decorrer do mês, principalmente nos fins-de semana, quando ocorre a maior parte das vendas.
As consultas ao SPC nos dias 5 e 6 de agosto atingiram 85.293. Nos dias 12 e 13, 77.837. Na semana seguinte (dias 19 e 20), 71.903. Uma semana depois, 68.411.
Essa desaceleração do consumo, explica Alfieri, é um fenômeno que ele chama de auto-arrefecido. "O próprio mercado corrige um eventual excesso de crediário. Sem nenhuma medida externa, o consumo perde velocidade."
Ele explica: quem compra para pagar em prestações perde força para assumir um outro pagamento. Além disso, há uma certa escassez de recursos por parte do comércio para financiar as compras a prazo.

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