São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 1994
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ONU encerra as negociações com Haiti

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, anunciou ontem o fracasso da última tentativa de negociação com os militares no poder no Haiti.
"A solução agora está nas mãos dos países que receberam o mandato da ONU (em 31 de julho) para a invasão", disse Boutros-Ghali.
A junta militar que tomou o poder no Haiti em 91 recusou-se no fim-de-semana a negociar com um emissário da ONU à região.
Os EUA e a ONU deram mais um passo na direção da possível ação militar. Representantes dos EUA conseguiram o compromisso de quatro países do Caribe de ajudarem na invasão, já autorizada pelas Nações Unidas.
Representantes da Jamaica, Trinidad, Barbados e Belize reuniram-se ontem em Kingston, Jamaica, com o subsecretário de Estado dos EUA, Strobe Talbott, e com o subsecretário de Defesa, John Deutch, onde anunciaram a decisão de colaborar com os EUA na invasão.
"O momento para a ação chegou. Nossa força internacional vai invadir o Haiti", afirmou Deutch após o encontro, que não definiu uma data para o ataque.
Os quatro países do Caribe devem fornecer inicialmente 266 soldados, mas os EUA pretendem enviar uma força de 10 mil homens ao Haiti. Mais de 2.000 marines já estão a bordo de navios norte-americanos na costa do país.
O objetivo da invasão é destituir o general Raoul Cedras e recolocar no poder o presidente Jean-Bertrand Aristide, deposto pelos militares em 1991.
Ontem, dezenas de pessoas foram presas no Haiti quando realizavam protestos contra o assassinato, no domingo, do padre Jean-Marie Vincent, contrário ao regime militar no país.
O subsecretário de Defesa norte-americano afirmou que o recente êxodo dos refugiados cubanos em direção à Flórida não desviou a atenção dos EUA em relação aos golpistas no Haiti.
Notícias de novos assassinatos no país e a superlotação com refugiados (cubanos e haitianos) na base norte-americana de Guantánamo, em Cuba, estariam pressionando a invasão.

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