São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994 |
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Suspeito de estupro é linchado em SP
RICARDO FELTRIN
Homem ainda não-identificado é morto com socos e pontapés na zona norte de São Paulo Um homem ainda não identificado, branco, aparentando cerca de 35 anos, foi linchado na madrugada de ontem no Parque Edu Chaves (zona norte de São Paulo). Segundo moradores próximos ao local onde ocorreu o crime (av. Sanatório, altura do nº 1.575), o homem foi morto após ter sido flagrado tentando estuprar a estudante K.M.R., 18, quando esta voltava da escola. Ela gritou e foi socorrida por um grupo de homens que, segundo a estudante M.C. 13, já estaria procurando o suposto criminoso havia cerca de um mês. "Ninguém sabe onde esse sujeito morava, mas ele já havia assustado outras meninas. Ele tentou estuprar R., 12, minha vizinha. Ela só se salvou porque entrou e se escondeu na minha casa", afirmou M.C. Pelo menos cinco pessoas teriam participado do crime. Elas lincharam o homem após o perseguirem a pé durante cerca de dez minutos. Agredido com socos e pontapés, o homem morreu antes de dar entrada no Pronto-Socorro do Jardim Andaraí –para onde foi levado por policiais. Em seu poder, a polícia encontrou uma faca de aço inoxidável com lâmina de 40 centímentros e R$ 23,00. No boletim de ocorrência registrado no 73º DP, o crime foi qualificado como "tentativa de roubo seguida de homicídio". Não há menção à tentativa de estupro. Segundo a polícia, ainda não há pistas sobre os autores do linchamento devido à "lei do silêncio" entre moradores do bairro. Procurados pela Folha, nenhum morador próximo ao local do crime quis dar informações sobre o linchamento. A dona-de-casa Francisca Souza Pereira, 54, afirmou que "é comum tentarem estuprar meninas do bairro, mas nenhuma costuma ir na polícia porque elas têm vergonha de aparecer". A delegacia não teve registros desse tipo de ocorrência nos últimos 30 dias. "Lista negra" A estudante M.C. disse à Folha que existe um grupo de moradores do bairro mobilizado para perseguir nove supostos estupradores ("estão na lista negra") que estariam agindo no local há cerca de um ano. Segundo ela, uma garota de 15 anos –que ela não quis identificar ("é minha amiga")– foi atacada em julho por dois homens que, com uma seringa, lhe teriam injetado sangue supostamente contaminado com HIV. A garota não teria comunicado o caso à polícia, segundo M.C., que também se recusou a informar o endereço da menina. A polícia, no entanto, afirma não ter registros ou informações de que esse tipo de crime esteja ocorrendo no Parque Edu Chaves. Texto Anterior: Baiana vence a final do Look of the Year; O NÚMERO; Seminário discute visão externa do Judiciário; Abelhas invadem casas em cidade na Paraíba; Unicef vai financiar projetos brasileiros Próximo Texto: Rapaz é morto por engano Índice |
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