São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
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Congresso debate a desinformação sobre hanseníase

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Há quase uma década, a hanseníase foi retirada da lista das doenças incuráveis. O estigma da lepra e do leproso, que persiste desde os tempos bíblicos, deve continuar muito além do ano 2000.
O preconceito e a desinformação sobre a doença foram temas tratados no 8º Congresso Brasileiro de Hansenologia que começou anteontem em São Paulo.
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa provocada pelo bacilo de Hansen. É transmissível pelas vias respiratórias e causa manchas na pele, dormência e formigamento no local.
Os casos mais graves hoje são curados em dois anos. Para a lepra –nome popular da doença–, os especialistas não enxergam o horizonte da cura.
"Na América Latina, lepra e leprosos são termos mais pejorativos que quaisquer outros, de aleijado e lésbica", disse o médico especialista Abrahão Rotberg.
O Brasil tem cerca de 300 mil casos da doença –cerca de 2 hansenianos para cada 500 habitantes. É o segundo país em números absolutos. O primeiro é a Índia.
Desde os anos 70, a tendência no país tem sido a de crescimento da hanseníase, ao contrário do que vem ocorrendo com outros países da América Latina.
A proposta da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde é fazer com que a hanseníase deixe de ser um problema de saúde pública até o ano 2000. O desafio continua sendo o diagnóstico precoce e o tratamento posterior à cura.
Especialistas dizem que só a informação será capaz de colocar um fim à "lepra" no país.
As poucas organizações governamentais e não-governamentais que lutam contra o preconceito em torno da hanseníase conseguiram alguns avanços. Desde 76, o termo hanseníanse substituiu a lepra.
"Os nomes mudaram, mas a descriminação continua", diz Wallace Pereira, 66, ex-hanseniano e presidente da Sociedade Fraternal Dr. Lauro de Souza Lima. "Se alguém descobre que você já teve a doença, dificilmente conseguirá emprego."
SERVIÇO – Morhan (Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase), tel. (011) 414-2837. Sociedade Fraternal Dr. Lauro de Souza Lima, tel. (011) 208-3151.

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