São Paulo, quinta-feira, 1 de setembro de 1994
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O Real derrota o sonho do Palmeiras

MATINAS SUZUKI JR.

E o Bebeto perde o melhor da festa: deixa o Campeonato Espanhol na sua temporada de maior interesse
MATINAS SUZUKI JR
.Editor-executivo
Meus amigos, meus inimigos, o Palmeiras, do país do novo Real, deixou escapar ontem uma vitória sobre o novo Real Madrid –sem o argentino Redondo, novamente machucado no joelho.
Mas, apesar de ceder a vitória, não deixou de ser promissora a participação do Palmeiras neste evento futebolístico internacional.
O alviverde tem apresentado um futebol bastante consistente no cenário nacional. Já é, disparado, novamente, o favorito ao título brasileiro.
E, apesar de perder jogadores talentosos como o moleque-saci Edílson e o colombiano Rincón, parece ter conseguido repor as peças com Rivaldo e o estreante Paulo Isidoro.
O que tem faltado ao Palmeiras são, justamente, conquistas no plano internacional. Ficou fora da final da Libertadores. Pelo que vi, o Vélez seria presa fácil para o ataque palmeirense.
Até ceder terreno para a reação dos madrilhenos, o Palmeiras, ontem, mostrou que tem condições táticas e técnicas para figurar entre os primeiros times do do primeiro mundo do futebol.
Falta alguma coisinha, por exemplo, o miolo da zaga quando Antônio Carlos está fora do time (aliás, o miolo da zaga vem sendo a fragilidade de quase todos os grandes clubes brasileiros).
Na boa partida de ontem, com os dois times jogando um futebol franco, ofensivo, com espaço para criar, o Palmeiras mostrou que Tóquio-95 pode ser mais mais próximo do Real do que do sonho.
O novo Real Madrid do argentino Jorge Valdano, na verdade, apesar de jogar bem mais ofensivamente do que a tradição espanhola (será o efeito Barça?), na verdade não foi tão novo assim.
Continua dependendo da finalização quase sempre certeira do chileno Zamorano, aliás, como dependia antes.
E só definiu o placar com uma cobrança de falta perfeita do veterano Michel (havia perdido um pênalti), que eu fotografei para a coluna da Joyce, durante a Copa, fazendo comentários para a TV.
Penso que a geração de Michel e de Butrague¤o já deu o que tinha que dar ao Real Madrid. O que eles fizeram pelo time e pela seleção espanhola não foi pouco.
Mas, para quebrar a longa hegemonia do Barça, chegou a hora de renovar bastante o time. A tarefa seria bastante suavizada, por exemplo, se tivesse levado o Edmundo para jogar ao lado do Laudrup.
Edmundo, Zamorano e Laudrup –eis aí um grande ataque.
Por falar em Espanha, a Bandeirantes parece ter trocado o Campeonato Italiano pelo Campeonato Espanhol.
Do ponto de vista de marketing, não há dúvidas de que o campeonato espanhol é o mais interessante na temporada que se inicia (seguido pelo Campeonato Inglês).
O técnico campeão do mundo Carlos Alberto Parreira está lá. Romário e Hagi, as duas sensações da Copa, também estão lá. E os times fizeram bastante investimento para esta Liga.
Como xadrez de estrelas, o tabuleiro da Espanha é o mais recheado. Pergunto-me se este não será o principal erro de Bebeto: deixar de ser um superstar no torneio das megaestrelas.
Depois de batalhar por muitos anos, Bebeto abandona o Campeonato Espanhol justamente quando ele chegou lá: é o mais atrativo do planeta. É como nadar, nadar, e morrer na praia.
Quem gosta de futebol não pode estar melhor servido. Campeonatos italiano, inglês, espanhol, japonês, holandês.
Só continua faltando o Campeonato Argentino, não é mesmo Flávio Prado?

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