São Paulo, sexta-feira, 2 de setembro de 1994
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Adhemar quer consolidação do real

MARCELO MENDONÇA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A consolidação do real como "moeda forte, estável", e a municipalização dos principais serviços públicos são os principais objetivos de Adhemar de Barros Filho, presidente do PRP (Partido Republicano Progressista), se eleito deputado federal em 3 de outubro.
Deputado por cinco legislaturas, foi secretário estadual da Administração no governo de Paulo Egydio Martins em São Paulo e já foi da Arena, PDS, PSP, PTB e PDT.
Empresário, com 65 anos, Adhemar de Barros Filho prefere uma assembléia exclusiva para a revisão da Constituição de 1988.
A seguir, os pontos principais de sua entrevista à Folha.
Folha - O que o sr. pretende fazer se voltar à Câmara dos Deputados?
Adhemar de Barros filho - Lutar para manter uma moeda forte, estável, que possa representar uma economia saneada. Isso faz parte do compromisso com a comunidade trabalhadora brasileira, que precisa de um salário com poder aquisitivo permanente.
Folha - Como o sr. imagina sua atuação como deputado diante de um Executivo dirigido por Fernando Henrique Cardoso ou por Lula?
Adhemar - A adoção de todas as medidas necessárias para que a estabilidade econômica permaneça e a moeda seja rigorosamente estável em termos de poder aquisitivo vai muito da capacidade de formar uma aliança no Congresso capaz de implementar as reformas que o real vai exigir.
Folha - O sr. seria então oposição num eventual governo de Lula?
Adhemar - Não necessariamente. Projetos de interesse nacional contariam com nosso apoio e voto. Mas uma das fragilidades do PT é justamente a incapacidade de construir alianças.
Folha - O que o sr. acha da tese da assembléia revisora exclusiva?
Adhemar - Eu gostaria muito mais de uma assembléia exclusiva, porque nesta poderia se amarrar objetivos específicos com êxito. Um Congresso com poder revisor constitucional poderia dar no que deu este, que jogou fora uma oportunidade extraordinária.
Folha - Qual sua posição sobre o processo de privatização da economia?
Adhemar - Somos favoráveis à privatização de modo geral, mas algumas entidades estatais, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, bancos regionais de desenvolvimento, Petrobrás e Telebrás não devem ser privatizadas.
Folha - E sobre o monopólio estatal em alguns setores?
Adhemar - Deve ser mantido o monopólio sobre a extração e refino do óleo, mas podemos rever o monopólio na questão do transporte, da distribuição.
Folha - Como combater a corrupção e elevar a credibilidade do Congresso?
Adhemar - Vai depender exclusivamente dos novos congressistas, da capacidade de trabalho dentro da tarefa congressual e da solução dos problemas que interessam a todos os brasileiros.
Outro caminho é minha proposta de municipalização dos programas sociais básicos.
Nosso partido é republicano, mas municipalista. Somos favoráveis à municipalização da educação, da saúde, da habitação, do saneamento e da segurança.
Defendemos também uma reforma tributária. Essa delegação ao município é imperativa para que essas coisas funcionem. Com isso eu terei um Estado federal menor e terei uma chance também de corrupção menor.

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