São Paulo, sábado, 3 de setembro de 1994
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FHC elogia Lula e tenta atrair petistas

EMANUEL NERI

EMANUEL NERI; JAIR RATTNER
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique Cardoso (PSDB) aproveitou ontem sua passagem por São Bernardo do Campo, berço do PT, para fazer elogios a esse partido e a seu candidato a presidente, Lula.
"Não vou nunca negar a importância de São Bernardo para o PT e do PT para o Brasil", afirmou.
Para o candidato da coligação PSDB-PFL-PTB, o PT "renovou" a política do Brasil.
FHC foi homenageado ontem por cinco prefeitos da região do ABC, área metropolitana de São Paulo. Participou de um almoço para cerca de 2.000 pessoas em um restaurante de São Bernardo.
Em seu discurso, FHC fez questão de "prestar uma homenagem ao partido que concorre mais de perto (com ele), que nasceu aqui e que renovou aqui".
Para ele, o movimento sindical surgido no ABC no final dos anos setenta foi decisivo para o "renascimento" da democracia no país.
"O ABC espelha um Brasil que deu certo", afirmou.
Lembrou que ele e políticos como Ulysses Guimarães e Teotônio Vilela "prestigiaram aqueles que hoje podem ser candidatos a presidente, como é o caso de Lula".
FHC tem feito ultimamente uma série de elogios a Lula e ao PT. Tem evitado responder até mesmo aos ataques mais duros do PT.
A Folha apurou que, por trás dos elogios, há uma tentativa de preparar terreno para uma convivência mais pacífica com o PT em um eventual governo seu.
Para FHC, mesmo perdendo a eleição, o PT continuará forte. Terá uma bancada federal de cerca de 70 deputados e um braço sindical poderoso, que é a CUT.
O tucano também tenta atrair a simpatia do PT moderado. Não hesitará em aproveitar alguns desses petistas em seu governo.
'Collor'
Escolhido por outros quatro colegas da região do ABC para homenagear FHC, o prefeito de Santo André, Newton Brandão (PTB), acabou chamando o presidenciável tucano de "Fernando Collor".
"O Brasil novo vai surgir com a eleição de Fernando Collor", disse. Houve constrangimento entre assessores de FHC. Participantes da homenagem riram muito.
Procurado por repórteres, no final do discurso, Brandão afirmou: "A gente guarda esses nomes na cabeça e acaba se confundindo".
Portugal
Lula seria a opção de voto de FHC se não fosse candidato. Essa declaração foi atribuída ao candidato do PSDB pelo semanário português Independente.
Segundo o jornal, a frase teria sido dita em uma entrevista à rádio TSF, de Portugal. FHC teria se mostrado disposto a estabelecer pontes com o PT: "Para poder assegurar as mudanças que o Brasil precisa é bom que haja um clima de diálogo entre o PT e o PSDB."
Colaborou JAIR RATTNER, de Lisboa

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