São Paulo, sábado, 3 de setembro de 1994 |
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'Burning Season' santifica Chico Mendes
SÉRGIO AUGUSTO
Apesar de bem intencionado, não passa de uma hagiografia construída com todos os tiques e lugares-comuns do romântico cinema político americano de décadas passadas. O santo (ou mártir) ao qual Chico Mendes é comparado aparece logo na primeira tomada: São Sebastião. Rodado em cenários mexicanos para a TV a cabo americana HBO, sua ambientação amazônica tem alguma credibilidade, mas, aqui e ali, os gringos escorregam feio. Aqueles fósforos que Chico Mendes vive acendendo com a unha não existem no Acre. O comício eleitoral do futuro deputado Gustavo, adversário político do herói, é um pouco americano demais. Nem os de Collor eram assim. Outra esquisitice: os personagens falam em inglês e entoam cânticos em português. Esta confusão de línguas, também presente nas cenas em que aparelhos de TV sintonizam telenovelas e, de repente, transmitem uma entrevista de Chico Mendes, afeta a credibilidade dramática do filme, frio e enfadonho a maior parte do tempo. Um pouco magro para o papel, Raul Julia não compromete como Chico Mendes. Mais rechonchuda que o habitual, Sônia Braga quase não tem o que fazer como a socióloga Regina de Carvalho. Desta vez, o cinema brasileiro ganhou. Sem entrar em campo. Texto Anterior: ENTRELINHAS Próximo Texto: Documentário revive Vietnã hoje na TV Índice |
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