São Paulo, sábado, 3 de setembro de 1994
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Wigstock leva para as ruas o poder das drag queens de NY

GUTO BARRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Nova York se prepara para ver amanhã a maior celebração da cultura club do ano, o Wigstock. O nome é uma brincadeira com os nomes Woodstock (do festival) e "wig" –peruca em inglês.
A megafesta, um concurso de perucas ao ar livre, reúne todos os anos cerca de 20 mil pessoas e se tornou tradição no meio underground da cidade.
Organizado pela drag queen Lady Bunny, o evento chega a sua décima edição. Este ano, traz atrações como Deee-Lite, Deborah Harry e RuPaul –que começou sua carreira apresentando-se no Wigstock. Além dos shows, dezenas de drags e demais participantes da festa disputam o prêmio de melhor peruca.
Pela primeira vez, devido ao grande número de pessoas, o Wigstock deixa de ser realizado no Tompkins Park, no bairro de Greenwich Village e passa para o pier, à beira do rio Hudson.
O Wigstock confirma assim sua vocação de grande negócio: "Eu sou uma drag, nunca pensei em me especializar como empresária de um megaevento ao ar livre. É incrível a proporção que o evento tomou", diz Lady Bunny, em entrevista à Folha por telefone de NY.
Patrocinado pela conceituada marca de cosméticos Mac (a favorita de Madonna, por exemplo), o concurso ganhou destaque especial nas revistas.
O sucesso do evento vem também reforçar a presença das drag queens na vida americana. Mistress Formika, uma das mais conhecidas drags da cidade, está entre as principais atrações do Wigstock. Ela se destaca por exercer múltiplas atividades. É atriz, cantora e promoter de um dos clubes do momento em NY, o Squeeze Box. Agora, lança uma coletânea com bandas de diversas drags, intitulado "Sex, Drags and Rock'n'Roll".
Formika diz que hoje há mais atividades para as drags: "Viramos um fenômeno internacional. Algumas de nós estão fazendo filmes, outras trabalhando como modelo, ou na divulgação de clubes".
O colunista do semanário nova-iorquino "Village Voice", Michael Musto, sempre foi um dos principais incentivadores do Wigstock. Para ele, o evento continua fervido, mesmo "agora que metade da América resolveu simpatizar com as drags. Estamos prontos para procurar a próxima tendência. Só não sabemos qual é."
Musto lembra que o único evento que pode ser comparado ao Wigstock é o Love Ball, que aconteceu há duas semanas, organizado pela promoter Suzanne Bartsch. Ela é responsável pelos bailes de drags no lendário clube nova-iorquino, o Copacabana.

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