São Paulo, sábado, 3 de setembro de 1994
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Nem Custer nem Paiakan

A proposta do cientista político Hélio Jaguaribe para a questão do índio, defendendo sua integração à sociedade brasileira por meio da escolarização, reiterada em artigo publicado na edição de ontem desta Folha, é provocativa e semeou acalorada polêmica.
Em que pese a virulência com que a discussão foi lançada, seria de esperar que ela provocasse um debate construtivo. A questão indígena afinal está longe do consenso e não se pode cercear um debate que envolve o destino de comunidades, por menores que sejam, tendo como justificativa o preceito do "politicamente correto".
Também não se pode encarar o problema de modo discricionário, como numa hipótese extrema de aculturação forçada, promovida a toque de caixa. O discurso responsável parece ser um elemento necessário para a condução equilibrada desta discussão.
Cabe notar que é irrealista dissociar o índio do cenário brasileiro. As enormes (e desafortunadamente constitucionais) reservas indígenas são um acinte quando se leva em consideração que o país precisa explorar bem seus recursos naturais. As áreas demarcadas agridem o bom senso pela sua dimensão.
Os dirigentes brasileiros não podem negligenciar sua responsabilidade no equacionamento da problemática indígena, que interessa à sociedade brasileira como um todo, e não apenas aos índios como alguns parecem crer.
Neste momento de discussão tão passional, não deixa de ser um detalhe curioso notar que o próprio nome Jaguaribe é de origem indígena e em tradução livre pode significar algo como "pessoa que tem o costume do jaguar". Que a discussão racional e realista prevaleça sobre a ferocidade.

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