São Paulo, domingo, 4 de setembro de 1994
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Privatização melhora telefonia, mas tarifa é maior que no Brasil

DA ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

A privatização das telecomunicações na Argentina, realizada pelo governo Menem, melhorou a qualidade dos serviços telefônicos mas as chamadas locais, interurbanas e internacionais estão mais caras do que no Brasil.
A privatização ocorreu em 1990 quando a Entel (Empresa Nacional de Telecomunicaciones) foi comprada por dois consórcios liderados pelas telefônicas estatais da França, Espanha e Itália.
O número linhas telefônicas no país aumentou de 3,5 milhões para 5,2 milhões, metade da rede já é operada por centrais digitais e o número de telefones públicos dobrou.
Com o aumento da oferta, o preço das linhas telefônicas caiu de US$ 1.200 para US$ 500. As duas companhias que absorveram a Entel (Telecom e Telefónica) já anunciaram que o preço baixará para US$ 250 em 95 e que em dois anos serão instaladas gratuitamente, como na Europa e nos EUA.
Outro ponto positivo da privatização foi a redução do tempo de espera para a compra de telefone. Segundo a Comission Nacional de Telecomunicaciones (CNT), do Ministério da Economia, os usuários chegavam a esperar até dez anos por uma linha telefônica.
Hoje, na avaliação da CNT, o prazo de entrega ainda não é satisfatório, mas já caiu para uma média de seis meses. Em algumas regiões de Buenos Aires, o consumidor já consegue comprar telefone para instalação em 30 dias. O mercado paralelo desapareceu.
O aspecto negativo é o alto custo das tarifas cobradas do usuário. Em parte, isso acontece porque não há concorrência nos serviços básicos.
Para facilitar a privatização da Entel, o governo deu sete anos (prorrogáveis por mais três) de monopólio à Telecom e Telefónica nas chamadas locais e de longa distância.
O minuto de um interurbano para distâncias de até 30 Km na Argentina custa US$ 0,17 no horário comercial. No Brasil, custa US$ 0,15. Para distâncias superiores a 840Km, a tarifa é de US$ 2,00 na Argentina, contra US$ 0,50 no Brasil.
Uma ligação dos Estados Unidos para o norte da Argentina sai mais barato do que um interurbano de Buenos para a mesma região. Com isso, muitas empresas sediadas na capital passaram a falar com seus escritórios no norte através de telefônicas americanas.

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