São Paulo, domingo, 4 de setembro de 1994
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Apartamentos perdem 32% da área útil

PABLO PEREIRA; ROSANA FERRANTINI MARQUES
EDITOR DE IMÓVEIS

Os apartamentos novos lançados em São Paulo estão cada vez menores, chegando a perder um terço da área útil em relação às unidades colocadas no mercado em janeiro do ano passado.
A conclusão é de estudo do Datafolha, que compara a área útil média de imóveis novos ofertados entre janeiro de 93 e julho último.
Segundo o estudo, o tipo de imóvel que mais sofreu com a redução no período foi a cobertura de cinco dormitórios, cuja área útil média caiu 32,5%. As unidades de classe média também apresentam redução no período: dois dorm. (-0,5%) e três dorm. (-5,9%).
Os apartamentos de quatro quartos tiveram redução de 13,2% na área útil média, índice representativo por causa do aumento na oferta desse tipo, que ocupa o terceiro lugar no ranking de ofertas e vendas, superando os de um quarto.
Os apartamentos de um quarto também estão sendo reduzidos. Caíram de 42,2 m2 para 40,8 m2 em média no período. As unidades de dois dormitórios, que tinham área útil média de 58,2 m2, apresentam hoje 57,9 m2 e os de três quartos, de 95,1 m2 para 89,5 m2.
Os empresários do setor enfrentam as críticas de padronização e massificação alegando que a diminuição das áreas ocorre por exigência do bolso dos compradores.
Por esse raciocínio, não é que as empresas estejam criando deliberadamente apartamentos cada vez menores, mas somente se adaptando ao poder de compra de uma camada de público que quer casa própria e cuja faixa de renda está ao redor dos R$ 4.000.
Foi nesse sentido que a Rossi Residencial, por exemplo, criou o "Plano 100", através do qual vende –e vende bem– apartamentos com três quartos em uma área de 63,7 m2.
Mas até mesmo o empresariado do setor já se deu conta do "aperto" nas unidades. A partir de setembro a própria Rossi, cujos apartamentos de três dormitórios estão bem abaixo da média (89,5 m2) do tipo, passa a oferecer aos compradores serviços gratuitos de um profissional da área para decorar o apartamento.
Para Elisabete França, 38, vice-presidente do IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil), a redução dos espaços das moradias tem o lado positivo, pois as torna acessíveis financeiramente.
Ela considera que não há problemas quanto aos projetos, já que a função do arquiteto é exatamente organizar as áreas de maneira apropriada.
Segundo profissionais da área, em um apartamento de dois dormitórios, um banheiro, sala de estar e jantar, cozinha e área de serviço integradas, a média de gastos fica em torno de R$ 20 mil, valor que varia de acordo com o tipo e nível dos produtos.
Para tentar solucionar o problemas das pequenas áreas, há móveis e equipamentos (veja exemplos nesta pág.) compactos para atender esse tipo de necessidade.

Colaborou Rosana Ferrantini Marques, free-lance para a Folha

A evolução da área útil (m2) nos últimos 18 meses, baseada no Roteiro de Imóveis, é uma realização do Datafolha sob a direção dos sociólogos Antônio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistente de planejamento e análise a estatística Karla Mendes. A supervisão dos trabalhos ficou a cargo de Marlene Peret.

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