São Paulo, segunda-feira, 5 de setembro de 1994 |
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Triplica investimento externo no país
ELVIRA LOBATO
Além dos investimentos em produção, o bolo de recursos estrangeiros aplicados nas bolsas de valores cresceu US$ 4,33 bilhões no período de janeiro a julho. O economista Octávio de Barros, diretor técnico da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), afirma que os investidores estrangeiros voltaram a ter confiança no país, depois de um período de descrédito. Além dos recursos que entraram para investimento direto em produção, entraram mais US$ 449 milhões de janeiro a julho, como empréstimos das matrizes no exterior para suas subsidiárias brasileiras. A Sobeet (entidade recém-criada por 150 economistas especializados em capital estrangeiro) calcula que até o final do ano os investimentos em produção, fora os empréstimos inter-empresas, chegarão a US$ 2,6 bilhões. A se confirmar este prognóstico, será o maior aporte de recursos para a produção desde 88, quando o governo Sarney estimulou a conversão de títulos da dívida externa em investimentos no país. Segundo Barros, quando a economia brasileira se estabilizar haverá uma corrida tão grande de investidores estrangeiros para entrar no mercado brasileiro que o governo "vai ter que organizar a fila". O mercado para venda de bônus e ações de empresas brasileiras será o primeiro a explodir, avalia o economista. Segundo ele, os investidores internacionais têm clara percepção de que as empresas brasileiras são as mais modernas da América Latina e têm o menor índice médio de endividamento do mundo (52% sobre o capital próprio). Barros contesta a teoria de que o Brasil estaria perdendo a disputa pelo capital estrangeiro para países como o México, Argentina e os asiáticos. Segundo ele, o Brasil já ganhou esta guerra nas décadas de 70 e 80. Durante toda a década de 70, o país absorveu 6% dos investimentos produtivos mundiais e 50% do capital estrangeiro aplicado na América Latina. O Brasil, na avaliação do economista, está incluído na estratégia de crescimento global das maiores empresas do mundo. Segundo a avaliação do economista é o país em desenvolvimento com o maior estoque de capital estrangeiro investido: US$ 70 bilhões. O capital estrangeiro investido em indústrias no Brasil soma US$ 47,6 bilhões, segundo os dados da Sobeet. O setor químico foi o que recebeu maior volume de investimento (US$ 10,8 bilhões), seguido do segmento de máquinas em geral (US$ 7,98 bi) e o de bens de consumo não-durável (US$ 6,5 bilhões). Esta semana, a Unctad (órgão das Nações Unidas) divulgou a relação das maiores organizações transnacionais. Das 50 primeiras, só cinco não estão instaladas no Brasil: Hanson e Grand Metropolitan (Reino Unido), Lyonnaise des Eaix e Total (França) e a belga Petrofina. Entre as 100 maiores empresas mundiais, 83 estão no Brasil e das 500 maiores, só 120 não têm instalações no país. Octávio de Barros diz que os US$ 1,5 bilhão de investimentos produtivos registrados até julho foram feitos pelas empresas já instaladas no país. Texto Anterior: No ar; Via satélite; Esperando o terremoto; Sem essa; Bola de cristal; Fazendo figa; Audiência fiel; Na prática Próximo Texto: Regras para feiras devem sair esta semana Índice |
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