São Paulo, segunda-feira, 5 de setembro de 1994
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Riefenstahl busca absolvição no cinema

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Leni Riefenstahl: A Deusa Imperfeita" é chocante, forte e polêmico. Raramente um documentário é capaz de emocionar e gerar controvérsias como este sobre a cineasta do nazismo, inventora do cinema de propaganda. Absolvida nos processos movidos contra ela, a diretora foi punida no pós-guerra com o ostracismo. Hoje sua genialidade volta a incomodar.
O filme de Ray Muller deriva sua força da tranquilidade com que permite que a cinesta se defenda, sem deixar de confrontá-la com as incongruências das versões. Desconfiamos de sua reação intempestiva ao ser interpelada sobre seu envolvimento com Goebbels. Por outro lado, somos seduzidos quando descreve com paixão as soluções inovadoras de "O Triunfo da Vontade" ou "Olympia".
Leni Riefenstahl dá neste filme uma aula de cinema acessível ao grande público. Mas mais que isso, sua história provoca indagações sobre a responsabilidade política e social do artista. Ray Muller leva ao extremo a busca de uma postura livre de compromissos, seja com a memória de uma Alemanha que grupos neonazistas procuram ressucitar, seja com a negação de uma Alemanha que as vítimas do Holocausto não se cansam de perseguir. E por isso provoca.

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