São Paulo, segunda-feira, 5 de setembro de 1994 |
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PT planeja denúncias contra FHC
CARLOS EDUARDO ALVES
Por isso, além de tentar sustentar o episódio no horário gratuito e na mídia, o partido prepara uma ofensiva de denúncias contra a candidatura de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Outros casos vão aparecer", disse Luiz Inácio Lula da Silva durante o comício que fez sábado à noite em Londrina (PR). A prioridade do PT é vasculhar o esquema de arrecadação de recursos da campanha tucana. Em segundo lugar, buscar provas de envolvimento da máquina federal na campanha do atual líder das pesquisas. O imbróglio Ricupero é encarado pela cúpula petista como a âncora que permitirá ao menos a sobrevida da candidatura Lula. Nas conversas internas, é chamado de "a nova Volta Redonda". Trata-se de uma menção à morte de operários da Companhia Siderúrgica Nacional em 88, depois de confronto com tropa do Exército naquela cidade fluminense. O episódio, que ocorreu pouco dias antes da eleição municipal de 88, ajudou a vitória de candidatos do PT em eleições municipais. O caso Ricupero foi o tema único de Lula no comício para cerca de 8.000 pessoas em Londrina, que é administrada pelo petista Luiz Eduardo Cheida. "Debaixo da máscara de quem beijava pé de pobre existia um crápula", atacou Lula, lembrando a participação do ex-ministro na cerimônia religiosa do lava-pés. Lula fez várias referências a Deus ao comentar o caso Ricupero. "Graças a Deus inventaram a antena parabólica" e "Deus é brasileiro e permitiu que o povo descobrisse um mês antes da eleição o que demorou dois anos para saber de Collor", foram algumas das frases do candidato petista. Apesar do novo ânimo na campanha, o partido sabe que a situação eleitoral de Lula continua muito complicada. Em Londrina, por exemplo, o PT teve que anunciar na TV um show com o grupo Placa Luminosa para atrair público ao comício do candidato. O comício, realizado no local conhecido como "Cinco Conjuntos" –uma concentração de imensos conjuntos habitacionais de população de baixa renda– deixou clara a dificuldade de Lula no Estado. "O Paraná é um Estado muito conservador e a campanha aqui é difícil para nós", afirmou Gilberto Carvalho, secretário-geral do PT e oriundo de Londrina. Lula não quis se comprometer com o pedido de impugnação da candidatura FHC. Recusou-se a responder todas as perguntas sobre o tema. "O que é importante é que está provada por eles mesmos a participação do governo na campanha do meu adversário", declarou. Texto Anterior: Whitaker quer bloco pluripartidário Próximo Texto: CUT entra na Justiça Índice |
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