São Paulo, quarta-feira, 7 de setembro de 1994
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Zulaiê quer fazer os Códigos Penal e Civil

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

A advogada criminal Zulaiê Cobra Ribeiro, 50, faz este ano a sua segunda tentativa de chegar à Câmara dos Deputados, com um objetivo prioritário: ajudar na elaboração dos Códigos (Civil, Penal e a legislação trabalhista), exatamente a área de sua especialidade.
Derrotada na tentativa de se eleger para o Congresso constituinte, em 1986, Zulaiê perdeu uma segunda eleição, quatro anos depois, quando era candidata a vice-governadora na chapa de Mário Covas.
Em 1992, elegeu-se vereadora com 23 mil votos pelo PSDB, pelo qual disputa a eleição deste ano.
Folha - Se a sra. fosse obrigada a apresentar um projeto e um só projeto no primeiro dia de atuação na Câmara, qual seria?
Zulaiê - A minha primeira linha de atuação na Câmara será a feitura dos Códigos. Após a Constituição de 1988, nós temos a obrigação de dar ao povo brasileiro os novos Códigos, o Civil, o Penal, as leis trabalhistas. Minha primeira preocupação é conseguir que o Legislativo faça as leis que afetam o dia-a-dia do povo brasileiro.
- Que outras prioridades a sra. leva para a Câmara?
Zulaiê - A minha atuação na Câmara Federal estará muito ligada à área da Justiça. Depois que tivemos uma CPI no Executivo e outra no Legislativo, devemos caminhar agora para descobrir o porquê de a Justiça estar tão distanciada da população, ser tão lenta que dificulta o acesso do povo a ela.
Folha - Na área política, partidária e eleitoral, a sra. está satisfeita com as regras vigentes ou pretende fazer alguma correção?
Zulaiê - A minha preocupação é no sentido de termos uma Justiça Eleitoral e uma legislação eleitoral diferentes. Não podemos continuar com o que temos. Houve uma melhora, mas insuficiente. Nós temos nesse campo uma dificuldade muito grande, de doações a partidos. A coisa aí é complicada. A questão do bônus não resolveu. Acho que há muito fingimento, muita hipocrisia e há situações que podem comprometer a atuação de um político honesto. Precisamos de uma legislação eleitoral à altura da honestidade do novo político.
Folha - Por falar em honestidade, parece haver um consenso de que a imagem dos políticos chegou, talvez, ao ponto mais baixo da história. Por quê?
Zulaiê - A imagem do político é uma consequência do desastre que tem sido a atuação de muitos deles. Você percebe uma descrença do povo, em decorrência de escândalos, superfaturamentos. Nós temos poucos políticos bons e esses poucos não conseguem sobrepujar a má atuação dos demais.
Eu acho que nós temos que mudar o discurso do novo político e do político que já era bom. Tem que ser muito direto, tem que chegar ao povo. O que sinto, quando a gente conversa com a população, é que ela sabe discernir. Mas está havendo muito distanciamento entre o povo e os políticos. Temos que voltar ao tempo em que se andava pelas ruas, em que se podia fazer discurso em cada esquina, em que você tinha comício-comício e não show-mício.
Folha - A sra. não acha que contribuiu para essa má imagem o fato de se terem feito, nestas eleições, as alianças as mais esdrúxulas? A sra. poderia estar no mesmo palanque do Afanásio Jazadji, quando sempre militaram em campos opostos.
Zulaiê - Acho que estar ao lado do Afanásio e outros membros do PFL e do PTB não me atrapalha. É claro que pode desagradar em termos individuais, mas no conjunto não. Temos que caminhar juntos, sim. Tem que acabar com essa brincadeira de que o PSDB é o melhor partido, porque precisamos de uma união maior para chegar aquilo que é concreto. O que é concreto? É governar, é legislar.

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