São Paulo, quarta-feira, 7 de setembro de 1994
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João Paulo 2º cancela visita a Sarajevo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O papa João Paulo 2º cancelou sua viagem a Sarajevo por motivos de segurança. A visita de cerca de 12 horas à capital da Bósnia estava programada para amanhã.
Os sérvios da Bósnia, que há dois anos combatem a independência da república em relação à ex-Iugoslávia, se recusaram a dar garantias de segurança para a cidade durante a visita.
O líder sérvio, Radovan Karadzic, disse a um enviado especial da ONU que os muçulmanos –majoritários no governo e no Exército– poderiam simular um incidente para pôr a culpa nos sérvios.
O governo bósnio reafirmou que o presidente (muçulmano) Alija Izetbegovic estava disposto a acompanhar o papa durante sua visita e lamentou o cancelamento.
Forças sérvias que cercam a cidade lançaram ataques de artilharia ontem. O ataque foi observado por tropas egípcias das forças de paz da ONU e confirmado por radar.
O ataque viola a zona de exclusão de 20 km em torno da cidade estabelecida pela ONU em fevereiro deste ano. Não pode haver armas pesadas nessa área.
Nos últimos dois dias, aviões da ONU foram atingidos por artilharia leve, sem danos ou vítimas. Os incidentes ocorreram no aeroporto que seria usado pelo papa.
Ontem ainda havia tiroteio em volta do aeroporto. Dois aviões militares da ONU foram atingidos, mas ninguém saiu ferido. Segundo o tenente Sebastian Pasquier, um porta-voz das forças de paz da ONU, a luta era "aparentemente uma provocação voltada contra a visita do papa".
"O papa sublinhou sempre a necessidade de receber garantias suficientes sobre a segurança da população que quisesse se reunir com ele. Infelizmente essas garantias não foram alcançadas, apesar dos inúmeros contatos mantidos com todas as partes", disse o Vaticano em comunicado oficial.
A cidade já estava sendo preparada. Até o "papamóvel", veículo em que o papa trafega em suas aparições públicas, já havia sido levado para Sarajevo.
Os sérvios são majoritariamente seguidores da Igreja Ortodoxa russa. Os únicos católicos da ex-república iugoslava são os croatas, aliados dos muçulmanos na guerra.

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