São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994
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Dólar registra a mais baixa cotação do real

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar comercial (exportações e importações) atingiu ontem a mais baixa cotação desde a entrada em vigor do real e rompeu a barreira dos R$ 0,88.
Com queda de 0,79%, o dólar fechou cotado a R$ 0,876 para compra e a R$ 0,878 para venda.
A diferença para a cotação de venda do Banco Central (BC), fixada em US$ 1,00 por R$ 1,00, é de 12,2%.
Fracassaram solenemente as medidas adotadas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para sustentar as cotações. Todas elas procuravam aumentar a procura por dólares.
O aumento do compulsório, adotado pelo BC, tornou as ACCs (Adiantamento do Contrato de Câmbio) a forma de crédito mais barata da praça. Ou seja, aumentou a oferta de dólares.
Na segunda-feira, o fechamento de câmbio dos exportadores foi de US$ 300 milhões e, na terça, de US$ 180 milhões. A média diária anterior ao real era de aproximadamente US$ 200 milhões.
Ontem, o fechamento dos exportadores foi um pouco superior a US$ 100 milhões e as importações ficaram abaixo de US$ 90 milhões.
Sobraram dólares também porque aumentou o ingresso financeiro –recursos para as Bolsas e dinheiro captado por um banco com o lançamento de eurobônus.
A valorização da moeda nacional é uma característica dos últimos planos de estabilização. A diferença é que na Argentina, por exemplo, não havia uma indústria para ser sucateada –ela já tinha perdido o bonde. Aqui existe.
A armadilha do câmbio –que não pode cair porque provoca desemprego e não pode subir rapidamente porque provoca inflação–, porém, só vai ser desmontada depois das eleições.
Até lá, vai prevalecer a tendência de queda.
Pior. Os analistas de Bolsa esperam, mantido o atual quadro eleitoral, nova onda de ingresso de capital estrangeiro para as Bolsas.
Ontem, foi mais um dia de alta das ações –as pesquisas parecem consolidar a impressão de que o impacto eleitoral do "efeito Ricupero" é quase uma Batalha de Itararé (a batalha que não houve).
A Bolsa paulista subiu 5,68% e a carioca 5,5%. A Bolsa paulista precisa subir 1,8% para voltar ao patamar de sexta-feira passada –anulando toda a queda de segunda-feira.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões registravam rentabilidade diária de 0,120% no último dia 5. A taxa média do over, segundo o mercado, foi de 5,35% ao mês. No mercado de Depósito Interbancário (CDIs), a taxa média foi de 5,38% ao mês.
CDB e caderneta
As cadernetas rendem 2,450403% hoje. Os CDBs prefixados para 32 dias pagaram entre 54,5% e 55% ao ano. Os papéis pós-fixados de 153 dias pagaram taxas de 17,5% a 18% ao ano mais a TR.
Empréstimos
Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: as taxas variaram de 5,38% ao mês a 5,50% ao mês. Para 32 dias (capital de giro): as taxas variaram entre 55% e 70% ao ano.
No exterior
Prime rate: 7,75%. Libor: 5,25%.
AÇÕES
Bolsas
São Paulo: o índice fechou a 52.721 pontos com alta de 5,68% e volume financeiro de R$ 355,366 milhões. Rio: alta de 5,5% (I-Senn), fechando com 20.792 pontos e volume financeiro de R$ 31,800 milhões.
Bolsas no exterior
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou a 3.908,46 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou com 19.917,78 pontos. Em Londres, o índice Financial Times fechou a 2.454,70 pontos.
DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,876 (compra) e R$ 0,878 (venda). Segundo o Banco Central, o dólar comercial foi negociado, na média, por R$ 0,879 (compra) e por R$ 0,881 (venda). "Black": R$ 0,900 (compra) e R$ 0,910 (venda). "Black" cabo: R$ 0,910 (compra) e R$ 0,915 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,88 (compra) e R$ 0,91 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: baixa de 0,26%, fechando a R$ 11,30 o grama na BM&F, movimentando 992 quilos.
No exterior
Segundo a agência "UPI", em Frankfurt, o dólar foi cotado a 1,5575 marco alemão. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 99,24 ienes. Em Londres, a libra foi cotada a US$ 1,5420. A onça-troy (31,104 gramas) de ouro na Bolsa de Nova York fechou a US$ 390,50.
FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para setembro fechou a 3,87% ao mês, a 3,89% para outubro e a 4,17% para novembro.
No mercado futuro de dólar, a cotação foi de R$ 0,900 para 30 de setembro.
O índice Bovespa no mercado futuro para outubro fechou a 55.300 pontos.

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