São Paulo, sábado, 10 de setembro de 1994
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Cerca em árvore pretende evitar mendigos

DA REPORTAGEM LOCAL

A instalação de cerca em torno do jatobá no largo do Arouche (região central) faz parte de um conjunto de obras "antimendigo" em execução na cidade.
Na última quarta-feira, durante um mutirão de limpeza para retirar materiais acumulados por sem-teto na região central, o administrador regional da Sé, Victor David, havia prometido cercar a árvore para "protegê-la dos mendigos".
Segundo ele, o jatobá tem 70 anos e está sendo destruído por fezes e urina de indigentes e pelas fogueiras feitas junto à árvore.
A medida teve o apoio de moradores vizinhos. "Os mendigos não são agressivos, mas sujam todo o largo", disse Luci Moreira, 49.
Segundo David, os sem-teto fazem muita sujeira. "Deveriam haver mais prédios construídos sem marquise ou que têm chuveiros para evitar indigentes", disse.
Ele se referia ao prédio do Banespa, na praça da República, e ao Teatro Cultura Artística, que tem um sistema de canos para evitar moradores de rua sob a marquise.
O padre Julio Lancelotti, da Pastoral do Menor, disse ontem que a prefeitura deve interpretar o acidente como um "sinal".
"Ao invés de impermeabilizar a cidade com cercas para afastar a população de rua, a prefeitura deveria construir abrigos e investir em obras sociais", disse.
Segundo ele, a pastoral e a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) acompanharão o inquérito sobre o atropelamento.
"Dependendo das conclusões, poderemos orientar a família do menino a processar a prefeitura", disse Lancelotti.
No 3º DP (Santa Ifigênia), onde a ocorrência foi registrada, a previsão é de que o motorista José Jacob Castro seja convocado para depor no início da semana.
A polícia deverá esclarecer se o caminhão estava manobrando de frente ou de ré no momento em que ocorreu o atropelamento.
Segundo catadores de papel que moram na praça, o veículo estaria manobrando de frente e não de ré, como foi registrado no 3º DP.
"O motorista estava entrando de frente, achando que daria para passar mesmo com os garotos ao lado", disse a catadora de papel Angela Maria Alves da Silva, 29.

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