São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 1994
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Metalúrgicos do ABCD entram em greve

DA FOLHA ABCD E DA FOLHA VALE

A diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD (filiado à CUT) decidiu ontem, em reunião na sede da entidade, em São Bernardo, que vai parar praticamente metade da categoria na região a partir de zero hora de hoje.
Segundo o presidente do sindicato, Heiguiberto Navarro, o Guiba, todas as montadoras vão amanhecer paradas, além das maiores fábricas de autopeças, totalizando cerca de 70 mil trabalhadores. A categoria soma 150 mil pessoas no ABCD.
Também foram definidas quais as empresas de autopeças que param hoje: a Cofap, em Santo André, a Sachs e a Arteb, em São Bernardo, a TRW, em Mauá, além de outras fábricas menores.
Guiba disse que não haverá manifestação nas ruas. "Os trabalhadores entram, marcam o ponto e cruzam os braços."
Os metalúrgicos decidiram entrar em greve em assembléia realizada no sábado, da qual participou o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
Na sexta-feira, as empresas do setor automotivo rejeitaram o pedido de reposição mensal da inflação feito pelos trabalhadores.
Os trabalhadores querem a reposição da inflação acumulada de julho e agosto, que foi de 11,87%, e mais a inflação de setembro –a ser definida no final do mês.
A primeira assembléia de avaliação do movimento no ABCD ocorre às 15h na sede do sindicato, em São Bernardo.
Em São Caetano, os 10 mil metalúrgicos da General Motors, filiados à Força Sindical, decidem às 15h se entram ou não em greve.
Segundo Guiba, o ministro da Fazenda, Ciro Gomes, deve telefonar ainda hoje para conversar sobre a greve e discutir as reivindicações dos trabalhadores.
Na manhã de anteontem diretores do sindicato e o ministro se reuniram no Rio de Janeiro, mas não chegaram a acordo.
A produção da indústria automobilística cresceu 12,57% nos 12 meses encerrados em agosto, segundo dados da Anfavea (associação das montadoras). As vendas cresceram no mesmo período 9,90% e as exportações aumentaram 28,29%.
O presidente da Anfavea, Luiz Adelar Scheuer, não foi encontrado ontem. Na sexta-feira ele afirmou que o acordo da câmara setorial que reduziu os preços dos veículos corre o risco de ser rompido devido à greve.
Os funcionários da General Motors em São José dos Campos devem entrar em greve a partir de hoje, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos.
O diretor do sindicato Luís Carlos Tavares, 36, afirmou que 90% dos 9.500 funcionários da GM devem parar. Ele disse que a indústria produz 600 carros por dia.
A paralisação foi aprovada em uma assembléia realizada dia 5.
Hoje os metalúrgicos fazem assembléias para definir a estratégia da greve às 5h30, 6h30, 15h30 e 16h30 na porta da GM. A base do sindicato é de aproximadamente 30 mil metalúrgicos na região.
A greve pode afetar o plano de aumento de produção traçado pela GM para a linha do Corsa. A empresa quer aumentar a produção de 4.837 para 10 mil unidades por mês, em média.
Petroleiros, bancários e operários da construção civil também podem aderir à greve.
Bancários e petroleiros têm data-base neste mês. Os bancários querem 119,40% de reajuste mais 13,20% de produtividade. Os petroleiros reivindicam 112,68% de aumento salarial. A Petrobrás propõe pagar 13,39% de reajuste.

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