São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 1994
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Camelos reciclam água do corpo para sobreviver a calor do deserto

KATHY WOLLARD

Os camelos são excelentes em sobreviver onde é muito seco. Camelos de duas corcovas, os bactrianos, passam longos e frios invernos e verões curtos e quentes no deserto de Gobi na Ásia Central. O camelo de uma corcova, o dromedário, vivem no infindável calor dos desertos do norte da África e Arábia. Os camelos evoluíram –em milhões de anos– para sobreviverem em locais onde falta água.
Então não é surpreendente que os camelos surgiram nos desertos quentes e secos do que hoje é o sudoeste dos Estados Unidos. Há cerca de três milhões de anos, migraram para a Ásia (por razões desconhecidas, aqueles que ficaram na América do Norte desapareceram).
A água é essencial para a vida na Terra e os camelos não são uma exceção. O sangue é quase 100% formado por água. Se a água é perdida –através do suor, por exemplo– e não é reposta, o sangue engrossa. No lugar de fluir através das veias, se move como melado.
Um dos papéis mais importantes do sangue é o resfriamento do organismo. Quando o organismo transforma comida em energia, calor é produzido. Esse calor tem que ir para algum lugar ou a temperatura do organismo irá subir a níveis perigosos.
O sangue se aquece com essas reações do organismo e quando flui carrega esse calor para a pele. O calor é liberado para o ar através da pele e o corpo esfria. Mas sangue desidratado e grosso não consegue chegar à pele muito rápido. A temperatura se eleva e a morte pode ocorrer.
Seres humanos podem viver poucos dias sem água. Camelos, entretanto, podem sobreviver semanas sem beber. Como?
As corcovas –ao contrário do que muita gente pensa– são formadas por gordura e não água. Entretanto, os camelos realmente utilizam suas corcovas e outras partes do corpo para viver em clima seco e quente.
Primeiro, a temperatura do corpo dos camelos flutua de acordo com a temperatura do ar, caindo para cerca de 34 graus a noite e subindo para 41 graus durante o dia (a temperatura diurna no Saara pode alcançar 57 graus). Isso significa que a diferença entre a temperatura do corpo e a do ar não é tão grande. O ar não aquece tanto o camelo.
Segundo, o metabolismo do camelo –a velocidade com que queima comida– diminui durante o clima quente, produzindo menos calor no corpo.
Terceiro, os camelos realmente reciclam alguma água proveniente de seus rins para um de seus quatro estômagos e depois para o sangue, e não a perdem toda água na urina.
Finalmente, as corcovas atuam como uma cobertura protetora, que retem calor no sol, dificultando sua passagem para os órgãos internos do camelo. O aumento do calor do organismo rapidamente é liberado através das longas pernas do animal.
Copyright Los Angeles Times Syndicate.

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